terça-feira, 31 de janeiro de 2012
Wikipédia esquema novo
Todo mundo conhece a Wikipedia. Infelizmente a maioria que fala dela se refere à suas páginas em inglês. A Wikipédia, versão em português da mais famosa mãe-dos-burros online, está estagnada o número de usuários da Internet, do YouTube, do Twitter, do Facebook e dos concorrentes do MegaUpload cresce vertiginosamente, a quantidade de artigos e editores na nossa enciclopédia colaborativa evolui a passos de lesma. O desinteresse é tão grande que nem mesmo a academia procura estudar seu acervo e impacto.
Não é preciso defender nesta coluna as vantagens do conhecimento livre e da distribuição aberta de conteúdo, ainda mais em um país com deficiências de formação, falta de mão-de-obra qualificada e que, para o bem ou para o mal, atrairá a atenção do mundo nos eventos que estão por vir. A Wikipédia está longe de ser a melhor ferramenta de ensino à distância, mas não há como negar seu valor para construir um bom material de referência. Pode ser até um pouco chato editar suas páginas, mas é muito mais fácil escrevê-las do que legendar os vídeos de tantos filmes e séries. Além de mais construtivo e duradouro.
Segundo a Fundação Wikimedia, a comunidade é forte no Brasil. Mas você conhece alguém que está nela? Você já escreveu conteúdo? E seus pais? Aquela tia que é professora de Literatura, talvez? Seu vizinho aposentado, apaixonado por aviões? OCarlos Nascimento? Acredito que não. Antes da elaboração desta coluna, minha contribuição tinha sido só em dinheiro. Quando até os que reclamam das bobagens escritas nas mídias sociais deixam de colaborar, o que fazer para melhorá-la? Será que é preciso especialização para escrever algo sobre isto?
Em uma rápida busca na Wikipédia, um relatório e uma apresentação tornam o assunto mais claro. Para começar, o projeto: o discurso da Fundação cheira a gabinete ao dizer que "não tem agenda definida além de ver o crescimento da comunidade e dos leitores" e propor "um plano que recomende iniciativas e projetos-piloto com o potencial de ajudar a avançar a missão coletiva". Pode ser bonito para falar em discursos ou abrir editais, embora seja difícil de acreditar que uma estratégia de crescer-a-qualquer-custo leve a resultados de qualidade.
Mas não é preciso se preocupar com esta proposta, já que o sistema de regras da nossa Wikipédia tem políticas de restrição muito mais rígidas do que as estabelecidas em outros países: para se ter direito a voto é preciso estar na rede há 90 dias e ter feito no mínimo trezentas edições. Para censurar textos, seis meses e mil edições. Para administrar a rede, mais de duas mil edições. Quem tem tanto tempo ou conteúdo disponível? Não muitos. A maioria do conteúdo acaba sendo de autoria de um grupo de cerca de trezentas pessoas, cada uma responsável por mais de uma centena de alterações mensais.
Não pode dar certo. Qualquer produtor de conteúdo que mereça respeito sabe que a qualidade não pode ser medida por metro quadrado ou número de caracteres. A supervalorização da atividade sem um planejamento estratégico claramente definido acaba levando a um problema velho conhecido de sindicatos, partidos e centros acadêmicos, em que estruturas democráticas e bem-intencionadas passam a estabelecer sistemas de mérito e regras burocráticas que dificultam a entrada de novos associados.
Assim ficam de fora da Wikipédia os amadores, interessados, curiosos e diletantes. Justamente aqueles que produzem boa parte do que há de melhor das mídias sociais. Não se pode culpá-los. Por mais que qualquer um possa editar páginas, quem se habilita a submeter conteúdo que pode ser censurado sem um critério claro? É preciso muito estômago para ver o primeiro texto escrito apagado sem motivo aparente. Depois de quatro ou cinco, não há quem resista. Não surpreende que, depois das primeiras contribuições, a taxa de desistência beire os 60%.
Os editores que sobram para cuidar do acervo vivem em um estado de servidão voluntária, típica de RPGs e massivos multiplayer, sem contato com o mundo externo, produzindo um conteúdo abafado, repetitivo, limitado, cheio de limitações e intrigas políticas. A prova disso é que, em 2011, mais de 35% do total de edições dizia respeito a debates internos. Tampouco é culpa deles.
É uma pena que uma instituição com pouco mais de uma década de tradição já mostre sinais dos mesmos vícios de estruturas de séculos passados. Para evitar que eles se consolidem é preciso popularizar a Wikipédia, mostrar a todos o tesouro cultural que essa iniciativa representa em uma Internet tão dominada por plataformas fechadas, vendas pragmáticas e conteúdo de qualidade duvidosa. Dar a ela o que nós brasileiros temos de melhor, tornando-a mais criativa, alegre e social, sem deixar de ser séria. Muito pelo contrário. Colocar nela uma equipe carismática, influente, inspiradora e conhecida, que valorize o empenho dos editores atuais ao mesmo tempo que inspira novos colaboradores. Fazer com ela, enfim, o que a Bossa Nova fez com o Samba.
Há potencial para isso. Mesmo no estado em que está, a Wikipédia ainda é um dos 15 websites mais acessados no país, à frente do 4shared (de "compartilhamento" de documentos) e do xvideos (pornográfico). Imagine como pode ficar com um pequeno banho de loja.
Luli Radfahrer é professor-doutor de Comunicação Digital da ECA (Escola de Comunicações e Artes) da USP há 19 anos. Trabalha com internet desde 1994 e já foi diretor de algumas das maiores agências de publicidade do país. Hoje é consultor em inovação digital, com clientes no Brasil, EUA, Europa e Oriente Médio. Mantém o blog www.luli.com.br, em que discute e analisa as principais tendências da tecnologia. Escreve a cada duas semanas no caderno "Tec" e na Folha.com.
segunda-feira, 30 de janeiro de 2012
Nova liminar sobre o 1/3 de hora atividade favorece trabalhadores
Não há dúvida sobre a aplicação da lei 11.738/08, que trata do Piso Nacional e que determina que 1/3 da jornada de trabalho deve ser executada fora de sala de aula. Os resultados sobre isso já têm aparecido. Primeiro o Sindicato dos Professores de São Paulo recebeu a decisão em juízo sobre a aplicabilidade imediata desse direito pelo gestor. Agora, uma professora de Praia Grande-RJ teve liminar concedida sobre o 1/3 de hora atividade. As assessorias jurídicas do Sinte também já estão preparadas para o trabalho em caso de prefeitos ou a governadora quererem brincar com essa questão.
FONTE: www.sintern.org.br
Campanha salarial inicia nos Municípios
A novidade das eleições majoritárias e proporcionais nos municípios este ano leva a direção do Sinte a convocar a categoria no período de férias para agir com rapidez. Será necessário realizar assembleias de deliberação de pautas e pedido de audiências com antecipação já que o período para isso este ano será mais curto.
Já houve reunião com a categoria em Campestre; a direção já encaminhou as campanhas salariais de Vera Cruz, de Goianinha, de Serra Caiada e de Tangará. Esta semana a direção tomará novas providências em relação a outros municípios com o objetivo de mobilizar a categoria o quanto antes.
FONTE: http://www.sintern.org.br
domingo, 29 de janeiro de 2012
sábado, 28 de janeiro de 2012
A troca de ministros
Por: CNTE
A saída de Fernando Haddad do Ministério da Educação encerra um ciclo de avanços e controvérsias na recente política educacional brasileira. De um lado, o país progrediu na organização de seus sistemas de ensino, substituindo a política do “toma lá da cá” por mecanismos mais republicanos de repasse das verbas não compulsórias do MEC para estados e municípios. Também se aportaram mais recursos para a educação básica pública - ainda insuficientes - e aprimoraram-se o diálogo social e a cooperação institucional em torno da educação. Contudo, falta consolidar os avanços inerentes à valorização dos trabalhadores da educação, assegurar a universalização das matrículas escolares na rede pública, bem como garantir a qualidade da educação em todas as etapas e níveis (sob a perspectiva do Custo Aluno Qualidade) e vincular o Plano Nacional de Educação, em tramitação no Congresso, às bases do desenvolvimento do país.
Embora os editoriais da mídia conservadora tentem simplificar a avaliação de Haddad aos problemas de execução no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), é preciso ter claro que a transformação dessa política pública em forma de ingresso na universidade ajudou a democratizar o acesso dos jovens de baixa renda no ensino superior. Contudo, para a CNTE, o MEC deve perseguir a superação do abismo entre os níveis básico e superior. O ensino médio precisa ser dotado de padrão de qualidade nacional que contemple o desempenho e as aspirações profissionais dos estudantes, à luz da qualidade socialmente referenciada, e as universidades públicas devem ampliar o atendimento aos alunos oriundos das redes públicas escolares.
A Emenda Constitucional nº 59, promulgada na gestão do ministro Haddad, e cujos objetivos consistem em expandir a obrigatoriedade da educação pública dos 4 aos 17 anos, em fixar percentual do PIB para a educação, em interiorizar a universidade e os centros federais de educação técnica e tecnológica no país, além de pôr fim à incidência da DRU (Desvinculação de Recursos da União) no orçamento do MEC, representa uma consequência responsável à Emenda Constitucional nº 53, que, por sua vez, criou o Fundo da Educação Básica, o Piso Nacional do Magistério e ampliou o financiamento do livro-didático, do transporte e da merenda escolares, comprometendo o MEC com o financiamento e a gestão da educação básica.
No que tange à estrutura federativa educacional, os Planos de Ações Articuladas (PAR), ainda que limitados à adesão voluntária de estados e municípios e às concepções restritivas de diversos sistemas educacionais, mostraram-se mais eficientes que os antigos repasses do MEC executados sem contrapartida de políticas públicas e sob fortes suspeitas éticas. Cabe, no entanto, ao próximo ministro, aprofundar os efeitos da interpretação conferida pelo Supremo Tribunal Federal às competências concorrentes dos entes federados, em matéria educacional, a fim de institucionalizar políticas para a democratização das escolas e dos sistemas de ensino, para a profissionalização e valorização dos trabalhadores da educação e para o controle social das verbas educacionais - principalmente por meio da regulamentação do art. 23 da CF/88.
Também do ponto de vista dos desafios, o MEC precisa continuar trabalhando e auxiliando os demais entes no sentido de eliminar os gargalos históricos da educação brasileira, dentre os quais se destacam: o analfabetismo, a escassez de creches públicas, o baixo acesso dos jovens ao ensino médio, a alta distorção idade-série nos ensinos fundamental e médio (com responsabilidade no desenvolvimento dos ciclos escolares), a revisão curricular das etapas e modalidades da educação básica (sem cair nos erros do reducionismo e da padronização), a formação inicial e continuada dos trabalhadores da educação na perspectiva da valorização da carreira profissional, enfim, diversas questões que se encontram apontadas nas deliberações da 1ª Conferência Nacional de Educação e que devem compor o novo Plano Nacional de Educação, visando alcançar a qualidade socialmente referenciada da educação.
Imprescindível, no processo da qualidade social, é a implementação do Custo Aluno Qualidade e a ampliação dos parâmetros de avaliação da educação básica - hoje restritos aos testes nacionais - que não dialogam com as demandas das comunidades escolares, tampouco com o projeto de desenvolvimento nacional e de aprimoramento da democracia participativa. À escola pública devem ser dadas as condições, além da confiança, para executar seu papel sem ingerências externas pautadas na qualidade total (do individualismo, do conteudismo, do reducionismo e do eficientismo), antagônica aos aspectos humanísticos e coletivos inerentes à formação para a cidadania, o trabalho e, consequentemente, para uma sociedade harmônica.
Com o novo ministro, Aloizio Mercadante, a CNTE espera manter interlocução para poder avançar no debate sobre a valorização profissional da categoria (professores, funcionários e especialistas) e, em especial, nesse momento, sobre a implantação do piso nacional do magistério - a fim de que sejam condicionados, por exemplo, os convênios do MEC, com estados e municípios, ao cumprimento integral e imediato da Lei 11.738. Também a Mesa de Negociação, requerida na gestão Haddad para tratar das questões inerentes ao Piso e a Carreia, deve ser instalada com vistas a direcionar as políticas públicas com pessoal do nível básico às metas do Plano Nacional de Educação. Também sobre o PNE, a CNTE espera contar com apoio do ministro Mercadante para a destinação de 10% do PIB aos investimentos na educação pública, assegurando, assim, as condições de acesso, de permanência e de qualidade para todos os níveis educacionais.
FONTE: http://www.sintern.org.br
Piso salarial
O novo modelo da educação brasileira está em disputa
O relatório do projeto de lei do Plano Nacional da Educação(PNE) recebeu três mil emendas. Quinhentas delas foram apresentadas pela deputada Fátima Bezerra do PT/RN, que acolheu sugestões de instituições como sindicatos, academia e movimento estudantil, diversidade, entre outras.
Sustentabilidade do PNE
Autor(a): Fátima Cardoso
FONTE: http://www.sintern.org.br
GOVERNO »A batalha do piso dos professores
A articulação com governos estaduais em relação ao cumprimento do piso salarial de professores da rede pública de ensino é uma das prioridades de Mercadante.
O petista teve apoio amplo dos profissionais de educação em São Paulo em sua campanha pelo governo estadual, em 2010, e é visto pelo setor como um quadro de peso para a negociação. A conquista do cumprimento do piso, fixado em R$ 1.187,97 e ratificado em decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), contará pontos para Mercadante, que tem ambições de voltar a disputar o governo paulista em 2014.
Mercadante ainda terá que enfrentar uma dura queda de braço com as demais pastas da Esplanada para evitar um contingenciamento de grande porte em seu ministério e garantir, dessa forma, seus planos de expansão do investimento no ensino infantil.
O crescimento dos recursos para o setor são fundamentais para destravar o programa Mais Educação, que pretende ampliar o tempo de permanência de alunos da rede pública com a oferta de jornada em tempo integral. Lançado por Fernando Haddad em 2008, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o projeto não vingou até agora. Priorizar a alfabetização de crianças de até 8 anos, objeto do programa Alfabetização na Idade Certa, que será lançado neste semestre, também depende do crescimento do aporte para o ensino infantil. O projeto é considerado como uma das principais bandeiras de Mercadante.
Apesar dos fracassos colecionados pelo instituto na realização do exame, Mercadante enfrenta resistência interna no Inep em relação às mudanças pretendidas no órgão. Os dois nomes mais cotados para suceder Malvina — o atual secretário da Educação Superior, Luiz Cláudio Costa, e a diretora de avaliação da educação superior do Inep, Cláudia Griboski — são rechaçados dentro do instituto.
A secretária de Educação Básica, Maria do Pilar Lacerda, também já anunciou sua saída do MEC. Os secretários de Educação Profissional e Tecnológica, Eliezer Pacheco, e de Articulação com os Sistemas de Ensino, Carlos Abicalil, devem ser os próximos a deixar o governo, em meio às mudanças promovidas por Mercadante.
Encontro no hospital