sexta-feira, 29 de abril de 2011

Veja aqui o calendário de atividades da greve

Veja aqui o calendário de atividades da greve
A rede Estadual de Ensino está em greve. A mobilização teve início após deliberação da assembleia realizada nesta quinta-feira (28). Entre nessa luta. Para fazer parte dessa ação, veja o calendário de atividades a seguir:

29/04 (Sexta-feira) - Retorno dos professores às escolas, nos três turnos, para comunicar a comunidade escolar sobre a deflagração da Greve.
02/05 (Segunda-feira) - Acampamento em frente à Governadoria a partir das 9h. A atividade será apenas no turno Matutino
03/05 (Terça-feira) - Acampamento o dia todo na Praça Tomás de Araújo, em frente a Assembleia Legislativa
04/05 (Quarta-feira) - Caminhada no Bairro de Felipe Camarão com concentração às 15h em frente a Escola Estadual Maria Queiroz.
05 e 06/05 (Quinta e Sexta-feira) - A diretoria do Sinte fará o mapeamento do movimento no interior e na capital.
09/05 (Segunda-feira) - Plenária de organização da greve, às 9h, na Escola Estadual Winston Churchill. Toda a categoria deve estar presente.
A rede Estadual de Ensino está em greve. A mobilização teve início após deliberação da assembleia realizada nesta quinta-feira (28). Entre nessa luta. Para fazer parte dessa ação, veja o calendário de atividades a seguir:

29/04 (Sexta-feira) - Retorno dos professores às escolas, nos três turnos, para comunicar a comunidade escolar sobre a deflagração da Greve.
02/05 (Segunda-feira) - Acampamento em frente à Governadoria a partir das 9h. A atividade será apenas no turno Matutino
03/05 (Terça-feira) - Acampamento o dia todo na Praça Tomás de Araújo, em frente a Assembleia Legislativa
04/05 (Quarta-feira) - Caminhada no Bairro de Felipe Camarão com concentração às 15h em frente a Escola Estadual Maria Queiroz.
05 e 06/05 (Quinta e Sexta-feira) - A diretoria do Sinte fará o mapeamento do movimento no interior e na capital.
09/05 (Segunda-feira) - Plenária de organização da greve, às 9h, na Escola Estadual Winston Churchill. Toda a categoria deve estar presente.
FONTE:SINTE/RN

Trabalhadores em educação do Estado deflagram greve

Trabalhadores em educação do Estado deflagram greve
Após meses de negociações com o governo do Estado sem obter sucesso, os trabalhadores em Educação resolveram entre em greve. A suspensão das atividades nas escolas da rede já iniciaram e não há previsão para fim. A decisão foi tomada em assembleia geral realizada nessa quinta-feira (29), que teve a participação de mais de mil trabalhadores.
O principal fator que estimulou a deliberação foi a solicitação feita pela governadora na última assembleia que teve com a direção do Sinte, nessa quarta-feira (27). Na ocasião, o governo expôs a sua situação financeira e pediu mais 120 dias à categoria para dar uma resposta às reivindicações feitas. Os trabalhadores interpretaram a solicitação do governo como uma jogada para protelar o pagamento dos Direitos.
Entre as principais solicitações da categoria estão, a revisão do Plano de Carreira do Magistério; o pagamento do Plano aos demais servidores, que já foram enquadrados; o cumprimento da Lei que estabelece o Piso Nacional dos educadores e o pagamento de direitos em atraso.
FONTE:SINTE/RN

quinta-feira, 28 de abril de 2011

DIA DA EDUCAÇÃO - 28 DE ABRIL

28 DE ABRIL



Que a educação deveria ser um dos maiores investimentos em qualquer país, ninguém duvida. Mas a questão da educação ainda é séria no Brasil. Apesar de índices demonstrarem que, cada vez mais, os índices de analfabetismo, de evasão escolar e de repetência vêm caindo, a situação ainda não é das melhores.

Existem vários fatores que contribuem para a evasão escolar e para o analfabetismo. A grande maioria das crianças que estuda na rede pública sofrem, além da deficiência do ensino, dificuldades com transporte e alimentação. Além disso, muitas crianças precisam ajudar os pais a trabalhar e cumprem uma jornada dupla que interfere brutalmente no rendimento escolar.

Se já é senso comum dizer que as crianças são o futuro do país, nada mais justo que criar condições para elas estudarem. E está provado também que, quanto maior o nível de instrução, maior a chance de encontrar trabalho.

E quando adulto, quanto maior o nível de escolaridade dos pais, maior será o nível de escolaridade dos filhos também. O Brasil gasta um média de 5,5% de seu Produto Interno Bruto (PIB) na educação, mas ainda não consegue suprir a demanda de estudantes.

O atual sistema educacional brasileiro tem a seguinte estrutura:

Educação Básica: educação infantil, o ensino fundamental e o ensino médio

Educação Superior – universidade e pós-graduação

Mas educar não significa só investir em escola. O primeiro grupo social do qual participamos é a família e ela participa também do que chamamos educação informal. O inicio da educação da criança começa

Fonte: Mec Governo Federal

DIA DA EDUCAÇÃO

28 DE ABRIL



A maior parte do conhecimento humano se dá mediante um processo um processo de educação. Enquanto os animais vivem com base no próprio instinto, o ser humano vive por meio do que aprendeu de seus pais e da sociedade.

O processo de educação começa com a família: os pais ensinam a seus filhos o que julgam ser certo, como devem se comportar e respeitar as outras pessoas. A figura dos pais é complementada pela escola, que, além de ensinar a vida em sociedade - para a qual os pais preparam os filhos -, habilita o jovem para escolher um ofício e ser economicamente produtivo.

O mundo moderno exige das pessoas uma preparação cada vez melhor. As novas atividades da economia moderna vêm requerendo uma formação mais abrangente dos candidatos aos novos empregos. Boa parte da população, porém, nem sequer tem acesso ao ensino fundamental. Erradicar o analfabetismo é uma meta que o Brasil ainda almeja alcançar e pela qual se esforça.

Desde a última década do século XX, tem havido grandes avanços nessa área. O crescimento contínuo da taxa de escolarização vem reduzindo o analfabetismo, elevando o nível de instrução da população em todo o país e diminuindo, gradativamente, as grandes diferenças existentes entre as regiões. Houve um aumento da taxa de escolarização das crianças de 7 a 14 anos de idade. Em todo o Brasil, a proporção dessas crianças que não estavam na escola baixou de 9,8% para 4,3%; como conseqüências, houve redução do analfabetismo e elevação do nível de instrução da população.

O Sudeste deteve a maior taxa de escolarização (96,7%) e o Nordeste, apesar do avanço, a menor (94,1%). O percentual de crianças que estão fora da escola recuou significativamente, também, no Sudeste e no Nordeste.

Esses dados expressivos demonstram a capacidade do povo brasileiro de superar as adversidades. Afinal, a boa educação é a base de uma nação soberana e evoluída, capaz de construir o melhor para si, contribuindo para uma sociedade mais justa e com alta qualidade de vida.

Fonte: www.ibge.gov.br

FONTE:www.portalsaofrancisco.com.br

terça-feira, 26 de abril de 2011

SINTE REALIZA REUNIÃO REGIONAL EM NOVA CRUZ

SINTE REALIZA REUNIÃO REGIONAL EM NOVA CRUZ
A Coordenação do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Rio Grande do Norte – SINTE, Regional de Nova Cruz, promoveu nesta manhã na Escola Estadual Alberto Maranhão, uma Assembléia com os Professores e trabalhadores da Educação da Regional de Nova Cruz.

Na oportunidade Marcelo Assis, Antonio Barbosa, Francinaldo Soares e Toinho de Montanhas conduziram os informes e os esclarecimentos sobre os atuais movimentos reinvidicatórios promovidos pela categoria, especialmente a implantação do Piso Nacional da Educação pelo Governo do Estado do RN.

Neste ponto, Assis, da Diretoria estadual informou que a categoria está aguardando uma reposta sobre o Plano de Remuneração proposto pelo SINTE que eleva para R$ 1.530,00 o menor salário pago para a categoria. Esse valor difere um pouco da proposta dada pelo Governo do Estado. Essa resposta deve ser dada até amanhã, pelo que se comprometeu a Secretaria Estadual de Educação.

FONTE:claudiolimanews.blogspot.com
Uma assembléia Geral da categoria será realizada em breves dias, e caso a resposta do Governo não seja positiva na avaliação do SINTE, possivelmente haverá indicativo de greve a ser votado nesta assembléia.

Assis do SINTE estadual informou aos professores na reunião que, o Governo do Estado tem uma receita do FUNDEB de aproximadamente 55 milhões de Reais. Hoje o menor salário pago é de 790,00 e para o governo deve passar para 890 Reais sendo 40% sobre este para os de nível superior e assim por diante.

Com a proposta do SINTE e com a obrigatoriedade da implantação do PISO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, os valores terão algo em torno de 35% a mais nos vencimentos.

Outro problema sério apontado pelo SINTE é o ENQUADRAMENTO dos professores nas devidas letras que estão atrasadas e com a implementação do PISO NACIONAL a luta deve se ainda maior para a aplicação desses enquadramentos de forma automática como observa a Lei.

Informações adicionais podem ser obtidas no SITE do SINTE Regional de Nova Cruz: http://sintenovacruz.blog.uol.com.br/ ou na sede da Regional (84)3281-2343 ou no SITE do SINTE Estadual: www.sintern.org.br

FONTE:claudiolimanews.blogspot.com

domingo, 24 de abril de 2011

Professor pode ter prioridade para receber restituição do IR

O contribuinte que tenha no magistério sua maior fonte de rendimentos poderá receber a restituição do IR (Imposto de Renda) logo após os idosos e antes dos demais cidadãos. O benefício aos professores consta de projeto aprovado nesta terça-feira (19), em decisão terminativa, pela Comissão de Assuntos Econômicos. Se não houver recurso para apreciação no plenário, o texto seguirá para a Câmara.

Atualmente, o Estatuto do Idoso (Lei 10.741/03) assegura ao contribuinte com mais de 60 anos prioridade no recebimento da restituição. A intenção do autor do projeto (PLS 6/2009), senador Cristovam Buarque (PDT-DF), é colocar os professores em segundo lugar nessa ordem de prioridade. "Esse projeto visa dizer a todo o Brasil que professor é uma pessoa especial e, como tal, será tratado de forma especial", justificou o autor.

O relator, senador Jayme Campos (DEM-MT), apresentou voto pela rejeição do projeto, sob o argumento de que a matéria seria inconstitucional. O parecer foi lido pelo relator ad hoc, senador Cyro Miranda (PSDB-GO). No entanto, o parecer do relator foi derrubado por 9 votos a 5. A proposta já tinha sido aprovada na Comissão de Educação, Cultura e Esporte (CE).
FONTE: educacao.uol.com.br

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Saiba mais sobre a vida e a obra de Monteiro Lobato

Saiba mais sobre a vida e a obra de Monteiro Lobato
GABRIELLA MANCINI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Divulgação

O escritor paulista Monteiro Lobato em imagem de 1927
Se hoje você encontra nas livrarias obras brasileiras feitas só para crianças, deve agradecer a Monteiro Lobato. Ele é considerado o "pai da literatura infantil". Antes dele, grande parte dos livros para criança era obra traduzida, escrita em outros países, ou escrita aqui mesmo, mas numa linguagem muito difícil para crianças.

Veja galeria de fotos
Assista ao vídeo

Lobato nasceu em 18 de abril de 1882, em Taubaté (SP). Foi um menino criado em fazenda, sempre apaixonado pela escrita e pelo desenho.

Foi advogado, fazendeiro, diplomata, empresário e tradutor. Nas letras, fez traduções, escreveu crônicas, contos e ensaios. Colaborou em vários jornais e revistas e até abriu uma editora, a primeira do Brasil. Além de publicar alguns famosos da época, ele também dava força aos novos autores.

Na literatura infantil, estreou em 1920 com "A Menina do Narizinho Arrebitado". Fez sucesso e animou-se a criar mais histórias para a turma do Sítio, sua obra mais conhecida, somando mais de 20 títulos. Lobato trouxe para a literatura personagens da nossa cultura, como o Saci, e lendas como a da Iara. Também misturou elementos conhecidos da literatura, da mitologia grega, dos quadrinhos e do cinema.

Escreveu vários livros para adultos. Seu personagem mais famoso é o Jeca Tatu, um preguiçoso de primeira, bem diferente dos caipiras que tinham aparecido até então na nossa literatura.

Lobato era inquieto e, quando discordava de algo, defendia seu ponto de vista até o fim. Ele queria, por exemplo, a modernização do Brasil, a proteção do ambiente e a exploração de petróleo. Suas ideias não agradaram às empresas estrangeiras e ele acabou comprando briga com muita gente, até ser preso! Na época da ditadura de Getúlio Vargas, muitos livros de sua autoria foram queimados pelo governo e em algumas escolas.

Monteiro Lobato morreu em 1948, aos 66 anos de idade. E deixou publicados muitos livros para adultos e crianças, que continuam a passear por seu Sítio.

Reprodução

Saci e Emília no colo de Monteiro Lobato
Avô-cometa

E como era Monteiro Lobato na intimidade?

Sua neta, Joyce Campos Kornbluh, 81, era uma das primeiras a ouvir as histórias que Lobato criava para as crianças. E até dava palpite em suas invencionices. Ela conta que foi dela a ideia de Emília, em "Reforma da Natureza", de colocar torneirinhas nas tetas das vacas. Sempre que ia à fazenda, Joyce achava complicado tirar leite desses animais.

Ela conta também que o avô sempre guardava balinhas no bolso. "Acho que ele tinha muitas formigas no bolso!", brinca Joyce. Por isso a menina adorava "fuçar nos bolsos do avô para achar uma balinha chamada rebuçado, de açúcar queimado". Suas lembranças estão no livro "Juca e Joyce - Memórias da Neta de Monteiro Lobato" (ed. Moderna; R$ 33,90), escrito por Marcia Camargos.

Como era o Lobato avô? "Era um 'avô-cometa': estava sempre viajando e mudando. E virava um avô misterioso quando se trancava no escritório para escrever", explica a neta, que tem boas recordações sobre os tempos de menina que caçava borboletas com o avô.
FONTE/www1.folha.uol.com.br

domingo, 17 de abril de 2011

EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

No caminho do novo
Mesmo com dificuldades a enfrentar, a educação a distância vai na direção de se firmar como uma certeza pedagógica e não apenas como uma alternativa ao ensino presencial

Udo Simons


laboratório multimídia da Unisul Virtual: instituições apontam no mercado internacional
O ano de 2011 é um novo marco na regulação da Educação a Distância (EAD) no Brasil. Em janeiro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou o fim da Secretaria de Ensino a Distância (Seed), há 15 anos a principal instância de regulação e direcionamento da modalidade no país. As possíveis conseqüên cias da medida ainda são incertas, já que o MEC não se pronunciou oficialmente a respeito. Algo é certo, entretanto: apesar dos obstáculos a serem superados, a educação a distância começa a trilhar um caminho próprio, a sair da sombra e a influenciar o ensino presencial.

"Vivemos em um mundo onde a tecnologia muda o cenário dos ambientes de aprendizagem", atesta o coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, Klaus Schlünzen Junior.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em conexão com a internet - são 81,3 milhões de usuários, de acordo com pesquisas de mercado. Ou seja, estudar virtualmente será cada vez mais comum.

O contexto da educação a distância no país - que desde 2003 tem um crescimento de matrículas maior do que o ensino presencial e tem sido usada como uma ferramenta de inclusão no ensino superior - mostra que a modalidade tem amadurecido e se firmado, inclusive dentro dos cursos presenciais, que podem oferecer 20% dos conteúdos a distância. Entretanto, a definição dos modelos pedagógicos, da regulação e do alcance dos cursos está longe de ser algo simples.

"A educação a distância é um fenômeno educacional novo, e a democratização da internet é muito recente. Nesse contexto, o Brasil precisa de muito mais para estar adaptado a esse ensino", avalia Jucimara Röesler, diretora da Unisul Virtual. "Mas o MEC tem buscado a fórmula", acredita.

"Vem aí uma geração digital que domina amplamente as tecnologias de informação e educação e que desenvolve, por natureza, o autodidatismo", acrescenta Jucimara, que comanda sete mil alunos, em 200 cidades no Brasil, na Unisul Virtual.

Um dos obstáculos, na opinião do segmento educacional, é a exigência da presencialidade em alguns momentos do curso.

O mito da presença
Nesse contexto, fica a questão: se os cursos em sua essência são a distância, por que a necessidade tão preeminente da presencialidade? Garantir a qualidade do ensino oferecido é, de forma sucinta, como o Ministério da Educação responde a essa questão. Entretanto, essa justificativa é questionada, principalmente quando a realidade brasileira é comparada a experiências em outros países. Isso, sem contar com a disseminação da cibercultura.

A geração que não se contenta mais com o ensino pautado apenas na "transmissão" será outro polo definidor desse modelo. Na opinião de Jucimara, desde a educação básica até o ensino superior, a tecnologia oral perderá espaço. "Teremos tecnologias audiovisuais e midiáticas a serviço do processo de aprendizagem", prevê.

E as universidades, obviamente, terão de se adaptar a esse novo contexto. "Uma universidade é em sua essência aberta. Traz conhecimento, proporciona a educação permanente ao longo da vida, com currículos flexíveis e tecnologias inovadoras", define Jucimara. "A educação a distância nasce como uma forma de acesso à educação e democratização", completa.

O consultor associado ao Hoper Group, João Vianney, defende que a questão passa por uma mudança conceitual. "O conceito mundial de educação a distância é 'anytime, anywhere'. Ou seja, o aluno pode estudar a qualquer tempo e de qualquer lugar", enfatiza. "No Brasil, o MEC criou o conceito 'no dia marcado e no lugar marcado'", compara. Vianney se refere ao fato de o aluno ter de se deslocar até os polos de apoio presenciais, em datas específicas. "O MEC está com a cabeça no século 18. Não acredita que o brasileiro seja capaz de um estudo autônomo, de uma aprendizagem independente e com suporte remoto de uma instituição", acrescenta.

Desempenho superior
Tais afirmações encontram eco em dados que confirmam algumas das características da EaD, como: flexibilidade de horário e local de estudo; utilização da internet e novas mídias, pesquisa em redes virtuais, como meios do processo de aprendizagem.

O Departamento de Educação dos Estados Unidos realizou em 2010 um levantamento no qual se chegou à conclusão de que estudantes com aprendizagem, parcial ou integral, em EaD obtiveram, na média, desempenho melhor que alunos de mesmo curso do ensino presencial. Os pesquisadores mapearam 1.132 estudos científicos sobre EaD publicados entre 1996 e 2008.

O trabalho teve como objetivo responder aos quatro seguintes questionamentos: como se compara a efetividade do aprendizado on-line com a de uma aprendizagem presencial? Complementar a educação presencial com educação on-line aumenta o aprendizado? Que práticas estão associadas às técnicas mais efetivas de educação on-line? Que condições alteram a efetividade do aprendizado on-line?

No Brasil, a realidade norte-americana se repete. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os graduados em EaD tiveram, em média, 6,7 pontos a mais em comparação aos resultados dos alunos oriundos dos cursos presenciais.

Ações pulverizadas
Na prática, ao extinguir a Seed, o MEC distribuiu as atribuições da ex-secretaria a outras instâncias ministeriais. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) continuará ligada à Capes, e as antigas atribuições de regulação e supervisão do sistema de EaD estarão na alçada da nova Secretaria de Regulação e Supervisão do MEC, ocupada pelo professor Luiz Fernando Massoneto, oriundo da Faculdade de Direito da USP. Até o fechamento desta edição, os novos secretários do MEC ainda não haviam sido oficialmente empossados, e, por isso, não se pronunciaram sobre suas novas atribuições.

No Brasil, segundo o Censo 2009, 838.125 alunos estão matriculados em cursos a distância, crescimento de 15,13% em relação a 2008, bem superior aos 0,7% registrado no ensino presencial. Entretanto, ao olhar a série histórica, evidencia-se que essa expansão foi a pior desde 2003. Em 2008, o crescimento de estudantes em EaD atingiu 96,9%. Em seu primeiro pronunciamento em rede nacional à nação, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff disse que "esta é a grande hora da educação brasileira". Prometeu investir na formação e melhorar a remuneração de professores como uma das estratégias para o "grande salto na qualidade de nosso ensino".

Apesar de não ter mencionado textualmente a questão da educação a distância, a presidente afirmou: "É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o planeta". Ou seja, incorporar os avanços tecnológicos da sociedade no ensino é pauta do governo federal nas ações de educação, em todos os seus níveis.

Para atingir tal meta, um dos primeiros entraves é o preconceito ainda resistente, inclusive entre docentes universitários. Exemplo disso pode ser verificado na unidade da Unesp na cidade de Marília, interior paulista.

"Marília é um campo contrário à EaD. A direção da unidade alega que cursos de pedagogia a distância não têm a qualidade necessária", informa Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Esta dual Paulista (Unesp). "Eles questionam EaD como modalidade de baixo nível", diz.

Esse comportamento existe em âmbito acadêmico por "desconhecimento", na visão de Klaus. "As pessoas criticam EaD sem nunca terem participado dos cursos, sem nunca terem olhado o projeto pedagógico dessa modalidade de ensino", acredita.

Impacto nos professores
Para reverter a resistência, a estratégia da Unesp é fazer capacitação tecnológica dos professores, principalmente nas graduações de pedagogia. "O professor do ensino fundamental e médio não é formado para usar a tecnologia em sala. Isso é culpa da universidade. Formamos mal os professores", defende.

Em consequência dessa carência, professores despreparados repetem os equívocos contra a EaD. "Ele torna-se resistente à tecnologia porque não foi formado por meio dela", atesta. Mas, para o professor Klaus, o modelo presencial não vai acabar "de jeito nenhum". "Nem a educação a distância pode ser a salvadora de tudo, nem o presencial é o que vale. É uma adequação de contexto e demanda", diz.

O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredric Michael Litto, também ressalta a importância do professor na disseminação da cultura em EaD. "Estamos numa transição extremamente dolorosa e numa paralisia paradigmática", pondera. Litto vê como paradigma a atuação do professor, que no passado dominava todo o conteúdo e era responsável por "entregar" o conhecimento ao aluno. "Isso vai contra todas as novas ideias de educação", defende.

Agora o papel do professor tornou-se mais relevante. "O professor tem de levar os alunos a interpretar, organizar as atividades dos estudantes de forma a aproximá-los do conhecimento, trabalhando em grupos ou individualmente", acredita. E ressalta: "Nenhuma tecnologia pode substituir o bom professor".

Litto também pondera ações práticas que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino, principalmente as particulares, para acabar com o preconceito. "Elas deveriam fazer mais pesquisas quantitativas sobre seus egressos para saber como eles estão indo no mercado de trabalho e mostrar que esses alunos são mais proativos e tornam-se melhores executivos", sugere.

Unesp estuda EAD
O desenvolvimento de projetos de educação a distância na Unesp teve início em 2005. Em dezembro de 2010, a universidade obteve o credenciamento pleno do Ministério da Educação para ofertar a modalidade, e prevê para 2011 o estudo de novos cursos e abertura de novas turmas nos programas de especialização. A universidade tem atualmente 4.610 alunos matriculados a distância: 1.350 na graduação e 3.260 na pós-graduação. A graduação começou em março do ano passado, com o curso de pedagogia. "Ainda é muito pouco", diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, que admite preconceito contra a EAD na universidade. Para modificar esse cenário, o NEaD vai trabalhar em 2011 para avaliar os cursos em vigência. Os resultados serão apresentados aos conselhos e órgãos colegiados para a sensibilização da expansão da modalidade. "Temos muito a aprender. Identificamos coisas boas e outras que podem ser melhoradas", diz Klaus. Além disso, o NEaD vai trabalhar a questão do uso da tecnologia com os professores. "Queremos incentivar os professores a utilizarem a tecnologia nos cursos presenciais. Fomentar o uso das atividades virtuais", adianta.

Vale a pena internacionalizar?
Uma característica do atual cenário da EAD no Brasil é a possibilidade de atuar no mercado externo. Mas, nesse caso o idioma é a principal facilidade ou dificuldade do aprendizado. Instituições originárias de países onde o idioma oficial é o inglês levam vantagem sobre as demais. Mais de 80% do conteúdo da internet está na língua de Shakespeare. Por isso, a possibilidade da internacionalização para as instituições brasileiras exige estrutura e planejamento para oferecer as melhores condições educacionais aos alunos e, consequentemente, obter retorno do investimento. A Associação Internacional de Educação Continuada (Aiec) é uma das instituições nacionais com maior representatividade em outros países. Atualmente, oferece cursos em Angola e no Japão. Apesar da experiência positiva no exterior, o fundador da instituição, Vicente Nogueira Filho, acredita que não vale a pena investir na internacionalização dos cursos. "Comercialmente não é válido", atesta. Um dos motivos alegados por ele é a concorrência desleal. "A competição às vezes é bastante desonesta. Há pessoas vendendo apostila [como curso de EaD]", reclama.

A Unisul Virtual também se prepara para se lançar nesse campo. "A internacionalização é fundamental em EaD", defende a diretora Jucimara Röeseler. Em conjunto com a Universidade Marconi, na Itália, a Unisul Virtual lançará uma pós-graduação com dupla certificação, uma brasileira e outra italiana. O principal entrave a ser superado no projeto é a questão linguística. "Essa iniciativa envolve outra demanda administrativa. Um exemplo é o fato de o professor ser bilíngue", exemplifica Jucimara.

Popularização na Ásia
Pelos levantamentos da Abed, dois milhões de pessoas se formaram em cursos a distância em 2009 - metade em cursos autorizados pelo MEC. Há no país 1.764 cursos e 250 instituições credenciadas pelo Ministério. O presidente da Abed, Fredric Michael Litto, pondera, porém, que o Brasil está "atrasado". "O Brasil foi o ultimo país com população acima de 100 milhões de pessoas a criar uma universidade aberta", diz. Segundo ele, existem 70 universidades abertas na Ásia. O Japão, por exemplo, investe no desenvolvimento da educação a distância há 30 anos. Na opinião de Litto, esse histórico resulta na procura massiva de estudantes por cursos a distância. A universidade Indira Gandhi, na Índia, primeira no continente asiático, registra 3,2 milhões de alunos em bacharelado, mestrado e doutorado. A Universidade Aberta do Paquistão, segunda maior do continente, tem 1,8 milhão de alunos.


"Precisamos apoiar o corpo docente"
Uma das referências no Ensino a Distância nos Estados Unidos, John Ebersole, diretor-presidente do Excelsior College, Nova York, fala que só depois de 20 anos a EaD começa a ser relevante na educação americana. Em mais de 40 anos de vida acadêmica, Ebersole ocupou diversos cargos de gestão, entre outros, nas Universidades de Berkeley, John F. Kennedy e Estadual do Colorado. Leia a entrevista à revista Ensino Superior.

Ensino Superior - No Brasil, EaD ainda é entendida como ensino de "segunda categoria". Qual a opinião do senhor sobre isso?
John Ebersole - A ideia de EaD como ensino de "segunda categoria" também foi uma situação enfrentada nos Estados Unidos. Essa imagem leva tempo para ser modificada. Cheguei à EaD no final dos anos de 1980; só agora estou vendo esse ensino ser considerado relevante à educação. Cada vez mais universidades tradicionais a oferecem e as vantagens da educação on-line são mais reconhecidas. É cada vez mais difícil ignorá-la, rejeitá-la ou tratá-la como educação inferior.

ES - Qual é o principal ganho educacional da EaD?
Há várias vantagens. Algumas são a capacidade de estudar de forma autônoma; a possibilidade de escolhas de métodos de aprendizagem mais adequados a cada um; e a proatividade. Na era de uma economia globalizada, as sociedades que passam a ser mais competitivas, economicamente, são as que têm feito o melhor trabalho de educar e reeducar sua força de trabalho. A EaD adapta-se a essa necessidade.

ES - Quais são as características que uma instituição de ensino superior deve ter para oferecer ensino a distância?
O fator mais importante é o apoio do corpo docente. É preciso ter avaliações rigorosas para assegurar o aprendizado. A universidade também deve garantir acesso a todos os serviços que são oferecidos aos estudantes no campus - livros, tutorial, entre outros.

ES - A EaD é uma modalidade muito popular hoje nos EUA. Por que isso?
Há várias razões para essa popularidade. Primeiro por causa da autonomia em administrar o tempo dedicado aos estudos. Depois a redução de gastos com transporte, a oferta de cursos diferenciados, a possibilidade de conjugar trabalho e ensino. Atualmente, estima-se que cerca de seis milhões de alunos estão matrículados, pelo menos, em um curso on-line nos EUA.

ES - Qual sua principal preocupação como gestor da Excelsior?
Garantir o foco na qualidade do ensino. Estou preocupado também,com a segurança cibernética e a integridade do nosso modelo de ensino.
FONTE:No caminho do novo
Mesmo com dificuldades a enfrentar, a educação a distância vai na direção de se firmar como uma certeza pedagógica e não apenas como uma alternativa ao ensino presencial

Udo Simons


laboratório multimídia da Unisul Virtual: instituições apontam no mercado internacional
O ano de 2011 é um novo marco na regulação da Educação a Distância (EAD) no Brasil. Em janeiro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou o fim da Secretaria de Ensino a Distância (Seed), há 15 anos a principal instância de regulação e direcionamento da modalidade no país. As possíveis conseqüên cias da medida ainda são incertas, já que o MEC não se pronunciou oficialmente a respeito. Algo é certo, entretanto: apesar dos obstáculos a serem superados, a educação a distância começa a trilhar um caminho próprio, a sair da sombra e a influenciar o ensino presencial.

"Vivemos em um mundo onde a tecnologia muda o cenário dos ambientes de aprendizagem", atesta o coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, Klaus Schlünzen Junior.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em conexão com a internet - são 81,3 milhões de usuários, de acordo com pesquisas de mercado. Ou seja, estudar virtualmente será cada vez mais comum.

O contexto da educação a distância no país - que desde 2003 tem um crescimento de matrículas maior do que o ensino presencial e tem sido usada como uma ferramenta de inclusão no ensino superior - mostra que a modalidade tem amadurecido e se firmado, inclusive dentro dos cursos presenciais, que podem oferecer 20% dos conteúdos a distância. Entretanto, a definição dos modelos pedagógicos, da regulação e do alcance dos cursos está longe de ser algo simples.

"A educação a distância é um fenômeno educacional novo, e a democratização da internet é muito recente. Nesse contexto, o Brasil precisa de muito mais para estar adaptado a esse ensino", avalia Jucimara Röesler, diretora da Unisul Virtual. "Mas o MEC tem buscado a fórmula", acredita.

"Vem aí uma geração digital que domina amplamente as tecnologias de informação e educação e que desenvolve, por natureza, o autodidatismo", acrescenta Jucimara, que comanda sete mil alunos, em 200 cidades no Brasil, na Unisul Virtual.

Um dos obstáculos, na opinião do segmento educacional, é a exigência da presencialidade em alguns momentos do curso.

O mito da presença
Nesse contexto, fica a questão: se os cursos em sua essência são a distância, por que a necessidade tão preeminente da presencialidade? Garantir a qualidade do ensino oferecido é, de forma sucinta, como o Ministério da Educação responde a essa questão. Entretanto, essa justificativa é questionada, principalmente quando a realidade brasileira é comparada a experiências em outros países. Isso, sem contar com a disseminação da cibercultura.

A geração que não se contenta mais com o ensino pautado apenas na "transmissão" será outro polo definidor desse modelo. Na opinião de Jucimara, desde a educação básica até o ensino superior, a tecnologia oral perderá espaço. "Teremos tecnologias audiovisuais e midiáticas a serviço do processo de aprendizagem", prevê.

E as universidades, obviamente, terão de se adaptar a esse novo contexto. "Uma universidade é em sua essência aberta. Traz conhecimento, proporciona a educação permanente ao longo da vida, com currículos flexíveis e tecnologias inovadoras", define Jucimara. "A educação a distância nasce como uma forma de acesso à educação e democratização", completa.

O consultor associado ao Hoper Group, João Vianney, defende que a questão passa por uma mudança conceitual. "O conceito mundial de educação a distância é 'anytime, anywhere'. Ou seja, o aluno pode estudar a qualquer tempo e de qualquer lugar", enfatiza. "No Brasil, o MEC criou o conceito 'no dia marcado e no lugar marcado'", compara. Vianney se refere ao fato de o aluno ter de se deslocar até os polos de apoio presenciais, em datas específicas. "O MEC está com a cabeça no século 18. Não acredita que o brasileiro seja capaz de um estudo autônomo, de uma aprendizagem independente e com suporte remoto de uma instituição", acrescenta.

Desempenho superior
Tais afirmações encontram eco em dados que confirmam algumas das características da EaD, como: flexibilidade de horário e local de estudo; utilização da internet e novas mídias, pesquisa em redes virtuais, como meios do processo de aprendizagem.

O Departamento de Educação dos Estados Unidos realizou em 2010 um levantamento no qual se chegou à conclusão de que estudantes com aprendizagem, parcial ou integral, em EaD obtiveram, na média, desempenho melhor que alunos de mesmo curso do ensino presencial. Os pesquisadores mapearam 1.132 estudos científicos sobre EaD publicados entre 1996 e 2008.

O trabalho teve como objetivo responder aos quatro seguintes questionamentos: como se compara a efetividade do aprendizado on-line com a de uma aprendizagem presencial? Complementar a educação presencial com educação on-line aumenta o aprendizado? Que práticas estão associadas às técnicas mais efetivas de educação on-line? Que condições alteram a efetividade do aprendizado on-line?

No Brasil, a realidade norte-americana se repete. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os graduados em EaD tiveram, em média, 6,7 pontos a mais em comparação aos resultados dos alunos oriundos dos cursos presenciais.

Ações pulverizadas
Na prática, ao extinguir a Seed, o MEC distribuiu as atribuições da ex-secretaria a outras instâncias ministeriais. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) continuará ligada à Capes, e as antigas atribuições de regulação e supervisão do sistema de EaD estarão na alçada da nova Secretaria de Regulação e Supervisão do MEC, ocupada pelo professor Luiz Fernando Massoneto, oriundo da Faculdade de Direito da USP. Até o fechamento desta edição, os novos secretários do MEC ainda não haviam sido oficialmente empossados, e, por isso, não se pronunciaram sobre suas novas atribuições.

No Brasil, segundo o Censo 2009, 838.125 alunos estão matriculados em cursos a distância, crescimento de 15,13% em relação a 2008, bem superior aos 0,7% registrado no ensino presencial. Entretanto, ao olhar a série histórica, evidencia-se que essa expansão foi a pior desde 2003. Em 2008, o crescimento de estudantes em EaD atingiu 96,9%. Em seu primeiro pronunciamento em rede nacional à nação, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff disse que "esta é a grande hora da educação brasileira". Prometeu investir na formação e melhorar a remuneração de professores como uma das estratégias para o "grande salto na qualidade de nosso ensino".

Apesar de não ter mencionado textualmente a questão da educação a distância, a presidente afirmou: "É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o planeta". Ou seja, incorporar os avanços tecnológicos da sociedade no ensino é pauta do governo federal nas ações de educação, em todos os seus níveis.

Para atingir tal meta, um dos primeiros entraves é o preconceito ainda resistente, inclusive entre docentes universitários. Exemplo disso pode ser verificado na unidade da Unesp na cidade de Marília, interior paulista.

"Marília é um campo contrário à EaD. A direção da unidade alega que cursos de pedagogia a distância não têm a qualidade necessária", informa Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Esta dual Paulista (Unesp). "Eles questionam EaD como modalidade de baixo nível", diz.

Esse comportamento existe em âmbito acadêmico por "desconhecimento", na visão de Klaus. "As pessoas criticam EaD sem nunca terem participado dos cursos, sem nunca terem olhado o projeto pedagógico dessa modalidade de ensino", acredita.

Impacto nos professores
Para reverter a resistência, a estratégia da Unesp é fazer capacitação tecnológica dos professores, principalmente nas graduações de pedagogia. "O professor do ensino fundamental e médio não é formado para usar a tecnologia em sala. Isso é culpa da universidade. Formamos mal os professores", defende.

Em consequência dessa carência, professores despreparados repetem os equívocos contra a EaD. "Ele torna-se resistente à tecnologia porque não foi formado por meio dela", atesta. Mas, para o professor Klaus, o modelo presencial não vai acabar "de jeito nenhum". "Nem a educação a distância pode ser a salvadora de tudo, nem o presencial é o que vale. É uma adequação de contexto e demanda", diz.

O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredric Michael Litto, também ressalta a importância do professor na disseminação da cultura em EaD. "Estamos numa transição extremamente dolorosa e numa paralisia paradigmática", pondera. Litto vê como paradigma a atuação do professor, que no passado dominava todo o conteúdo e era responsável por "entregar" o conhecimento ao aluno. "Isso vai contra todas as novas ideias de educação", defende.

Agora o papel do professor tornou-se mais relevante. "O professor tem de levar os alunos a interpretar, organizar as atividades dos estudantes de forma a aproximá-los do conhecimento, trabalhando em grupos ou individualmente", acredita. E ressalta: "Nenhuma tecnologia pode substituir o bom professor".

Litto também pondera ações práticas que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino, principalmente as particulares, para acabar com o preconceito. "Elas deveriam fazer mais pesquisas quantitativas sobre seus egressos para saber como eles estão indo no mercado de trabalho e mostrar que esses alunos são mais proativos e tornam-se melhores executivos", sugere.

Unesp estuda EAD
O desenvolvimento de projetos de educação a distância na Unesp teve início em 2005. Em dezembro de 2010, a universidade obteve o credenciamento pleno do Ministério da Educação para ofertar a modalidade, e prevê para 2011 o estudo de novos cursos e abertura de novas turmas nos programas de especialização. A universidade tem atualmente 4.610 alunos matriculados a distância: 1.350 na graduação e 3.260 na pós-graduação. A graduação começou em março do ano passado, com o curso de pedagogia. "Ainda é muito pouco", diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, que admite preconceito contra a EAD na universidade. Para modificar esse cenário, o NEaD vai trabalhar em 2011 para avaliar os cursos em vigência. Os resultados serão apresentados aos conselhos e órgãos colegiados para a sensibilização da expansão da modalidade. "Temos muito a aprender. Identificamos coisas boas e outras que podem ser melhoradas", diz Klaus. Além disso, o NEaD vai trabalhar a questão do uso da tecnologia com os professores. "Queremos incentivar os professores a utilizarem a tecnologia nos cursos presenciais. Fomentar o uso das atividades virtuais", adianta.

Vale a pena internacionalizar?
Uma característica do atual cenário da EAD no Brasil é a possibilidade de atuar no mercado externo. Mas, nesse caso o idioma é a principal facilidade ou dificuldade do aprendizado. Instituições originárias de países onde o idioma oficial é o inglês levam vantagem sobre as demais. Mais de 80% do conteúdo da internet está na língua de Shakespeare. Por isso, a possibilidade da internacionalização para as instituições brasileiras exige estrutura e planejamento para oferecer as melhores condições educacionais aos alunos e, consequentemente, obter retorno do investimento. A Associação Internacional de Educação Continuada (Aiec) é uma das instituições nacionais com maior representatividade em outros países. Atualmente, oferece cursos em Angola e no Japão. Apesar da experiência positiva no exterior, o fundador da instituição, Vicente Nogueira Filho, acredita que não vale a pena investir na internacionalização dos cursos. "Comercialmente não é válido", atesta. Um dos motivos alegados por ele é a concorrência desleal. "A competição às vezes é bastante desonesta. Há pessoas vendendo apostila [como curso de EaD]", reclama.

A Unisul Virtual também se prepara para se lançar nesse campo. "A internacionalização é fundamental em EaD", defende a diretora Jucimara Röeseler. Em conjunto com a Universidade Marconi, na Itália, a Unisul Virtual lançará uma pós-graduação com dupla certificação, uma brasileira e outra italiana. O principal entrave a ser superado no projeto é a questão linguística. "Essa iniciativa envolve outra demanda administrativa. Um exemplo é o fato de o professor ser bilíngue", exemplifica Jucimara.

Popularização na Ásia
Pelos levantamentos da Abed, dois milhões de pessoas se formaram em cursos a distância em 2009 - metade em cursos autorizados pelo MEC. Há no país 1.764 cursos e 250 instituições credenciadas pelo Ministério. O presidente da Abed, Fredric Michael Litto, pondera, porém, que o Brasil está "atrasado". "O Brasil foi o ultimo país com população acima de 100 milhões de pessoas a criar uma universidade aberta", diz. Segundo ele, existem 70 universidades abertas na Ásia. O Japão, por exemplo, investe no desenvolvimento da educação a distância há 30 anos. Na opinião de Litto, esse histórico resulta na procura massiva de estudantes por cursos a distância. A universidade Indira Gandhi, na Índia, primeira no continente asiático, registra 3,2 milhões de alunos em bacharelado, mestrado e doutorado. A Universidade Aberta do Paquistão, segunda maior do continente, tem 1,8 milhão de alunos.


"Precisamos apoiar o corpo docente"
Uma das referências no Ensino a Distância nos Estados Unidos, John Ebersole, diretor-presidente do Excelsior College, Nova York, fala que só depois de 20 anos a EaD começa a ser relevante na educação americana. Em mais de 40 anos de vida acadêmica, Ebersole ocupou diversos cargos de gestão, entre outros, nas Universidades de Berkeley, John F. Kennedy e Estadual do Colorado. Leia a entrevista à revista Ensino Superior.

Ensino Superior - No Brasil, EaD ainda é entendida como ensino de "segunda categoria". Qual a opinião do senhor sobre isso?
John Ebersole - A ideia de EaD como ensino de "segunda categoria" também foi uma situação enfrentada nos Estados Unidos. Essa imagem leva tempo para ser modificada. Cheguei à EaD no final dos anos de 1980; só agora estou vendo esse ensino ser considerado relevante à educação. Cada vez mais universidades tradicionais a oferecem e as vantagens da educação on-line são mais reconhecidas. É cada vez mais difícil ignorá-la, rejeitá-la ou tratá-la como educação inferior.

ES - Qual é o principal ganho educacional da EaD?
Há várias vantagens. Algumas são a capacidade de estudar de forma autônoma; a possibilidade de escolhas de métodos de aprendizagem mais adequados a cada um; e a proatividade. Na era de uma economia globalizada, as sociedades que passam a ser mais competitivas, economicamente, são as que têm feito o melhor trabalho de educar e reeducar sua força de trabalho. A EaD adapta-se a essa necessidade.

ES - Quais são as características que uma instituição de ensino superior deve ter para oferecer ensino a distância?
O fator mais importante é o apoio do corpo docente. É preciso ter avaliações rigorosas para assegurar o aprendizado. A universidade também deve garantir acesso a todos os serviços que são oferecidos aos estudantes no campus - livros, tutorial, entre outros.

ES - A EaD é uma modalidade muito popular hoje nos EUA. Por que isso?
Há várias razões para essa popularidade. Primeiro por causa da autonomia em administrar o tempo dedicado aos estudos. Depois a redução de gastos com transporte, a oferta de cursos diferenciados, a possibilidade de conjugar trabalho e ensino. Atualmente, estima-se que cerca de seis milhões de alunos estão matrículados, pelo menos, em um curso on-line nos EUA.

ES - Qual sua principal preocupação como gestor da Excelsior?
Garantir o foco na qualidade do ensino. Estou preocupado também,com a segurança cibernética e a integridade do nosso modelo de ensino.
FONTE:No caminho do novo
Mesmo com dificuldades a enfrentar, a educação a distância vai na direção de se firmar como uma certeza pedagógica e não apenas como uma alternativa ao ensino presencial

Udo Simons


laboratório multimídia da Unisul Virtual: instituições apontam no mercado internacional
O ano de 2011 é um novo marco na regulação da Educação a Distância (EAD) no Brasil. Em janeiro, o ministro da Educação, Fernando Haddad, anunciou o fim da Secretaria de Ensino a Distância (Seed), há 15 anos a principal instância de regulação e direcionamento da modalidade no país. As possíveis conseqüên cias da medida ainda são incertas, já que o MEC não se pronunciou oficialmente a respeito. Algo é certo, entretanto: apesar dos obstáculos a serem superados, a educação a distância começa a trilhar um caminho próprio, a sair da sombra e a influenciar o ensino presencial.

"Vivemos em um mundo onde a tecnologia muda o cenário dos ambientes de aprendizagem", atesta o coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, Klaus Schlünzen Junior.

O Brasil é o quinto maior país do mundo em conexão com a internet - são 81,3 milhões de usuários, de acordo com pesquisas de mercado. Ou seja, estudar virtualmente será cada vez mais comum.

O contexto da educação a distância no país - que desde 2003 tem um crescimento de matrículas maior do que o ensino presencial e tem sido usada como uma ferramenta de inclusão no ensino superior - mostra que a modalidade tem amadurecido e se firmado, inclusive dentro dos cursos presenciais, que podem oferecer 20% dos conteúdos a distância. Entretanto, a definição dos modelos pedagógicos, da regulação e do alcance dos cursos está longe de ser algo simples.

"A educação a distância é um fenômeno educacional novo, e a democratização da internet é muito recente. Nesse contexto, o Brasil precisa de muito mais para estar adaptado a esse ensino", avalia Jucimara Röesler, diretora da Unisul Virtual. "Mas o MEC tem buscado a fórmula", acredita.

"Vem aí uma geração digital que domina amplamente as tecnologias de informação e educação e que desenvolve, por natureza, o autodidatismo", acrescenta Jucimara, que comanda sete mil alunos, em 200 cidades no Brasil, na Unisul Virtual.

Um dos obstáculos, na opinião do segmento educacional, é a exigência da presencialidade em alguns momentos do curso.

O mito da presença
Nesse contexto, fica a questão: se os cursos em sua essência são a distância, por que a necessidade tão preeminente da presencialidade? Garantir a qualidade do ensino oferecido é, de forma sucinta, como o Ministério da Educação responde a essa questão. Entretanto, essa justificativa é questionada, principalmente quando a realidade brasileira é comparada a experiências em outros países. Isso, sem contar com a disseminação da cibercultura.

A geração que não se contenta mais com o ensino pautado apenas na "transmissão" será outro polo definidor desse modelo. Na opinião de Jucimara, desde a educação básica até o ensino superior, a tecnologia oral perderá espaço. "Teremos tecnologias audiovisuais e midiáticas a serviço do processo de aprendizagem", prevê.

E as universidades, obviamente, terão de se adaptar a esse novo contexto. "Uma universidade é em sua essência aberta. Traz conhecimento, proporciona a educação permanente ao longo da vida, com currículos flexíveis e tecnologias inovadoras", define Jucimara. "A educação a distância nasce como uma forma de acesso à educação e democratização", completa.

O consultor associado ao Hoper Group, João Vianney, defende que a questão passa por uma mudança conceitual. "O conceito mundial de educação a distância é 'anytime, anywhere'. Ou seja, o aluno pode estudar a qualquer tempo e de qualquer lugar", enfatiza. "No Brasil, o MEC criou o conceito 'no dia marcado e no lugar marcado'", compara. Vianney se refere ao fato de o aluno ter de se deslocar até os polos de apoio presenciais, em datas específicas. "O MEC está com a cabeça no século 18. Não acredita que o brasileiro seja capaz de um estudo autônomo, de uma aprendizagem independente e com suporte remoto de uma instituição", acrescenta.

Desempenho superior
Tais afirmações encontram eco em dados que confirmam algumas das características da EaD, como: flexibilidade de horário e local de estudo; utilização da internet e novas mídias, pesquisa em redes virtuais, como meios do processo de aprendizagem.

O Departamento de Educação dos Estados Unidos realizou em 2010 um levantamento no qual se chegou à conclusão de que estudantes com aprendizagem, parcial ou integral, em EaD obtiveram, na média, desempenho melhor que alunos de mesmo curso do ensino presencial. Os pesquisadores mapearam 1.132 estudos científicos sobre EaD publicados entre 1996 e 2008.

O trabalho teve como objetivo responder aos quatro seguintes questionamentos: como se compara a efetividade do aprendizado on-line com a de uma aprendizagem presencial? Complementar a educação presencial com educação on-line aumenta o aprendizado? Que práticas estão associadas às técnicas mais efetivas de educação on-line? Que condições alteram a efetividade do aprendizado on-line?

No Brasil, a realidade norte-americana se repete. De acordo com o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), os graduados em EaD tiveram, em média, 6,7 pontos a mais em comparação aos resultados dos alunos oriundos dos cursos presenciais.

Ações pulverizadas
Na prática, ao extinguir a Seed, o MEC distribuiu as atribuições da ex-secretaria a outras instâncias ministeriais. A Universidade Aberta do Brasil (UAB) continuará ligada à Capes, e as antigas atribuições de regulação e supervisão do sistema de EaD estarão na alçada da nova Secretaria de Regulação e Supervisão do MEC, ocupada pelo professor Luiz Fernando Massoneto, oriundo da Faculdade de Direito da USP. Até o fechamento desta edição, os novos secretários do MEC ainda não haviam sido oficialmente empossados, e, por isso, não se pronunciaram sobre suas novas atribuições.

No Brasil, segundo o Censo 2009, 838.125 alunos estão matriculados em cursos a distância, crescimento de 15,13% em relação a 2008, bem superior aos 0,7% registrado no ensino presencial. Entretanto, ao olhar a série histórica, evidencia-se que essa expansão foi a pior desde 2003. Em 2008, o crescimento de estudantes em EaD atingiu 96,9%. Em seu primeiro pronunciamento em rede nacional à nação, em fevereiro, a presidente Dilma Rousseff disse que "esta é a grande hora da educação brasileira". Prometeu investir na formação e melhorar a remuneração de professores como uma das estratégias para o "grande salto na qualidade de nosso ensino".

Apesar de não ter mencionado textualmente a questão da educação a distância, a presidente afirmou: "É hora de acelerar a inclusão digital, pois a juventude brasileira precisa incorporar, ainda mais rapidamente, os novos modos de pensar, informar e produzir que hoje se espalham por todo o planeta". Ou seja, incorporar os avanços tecnológicos da sociedade no ensino é pauta do governo federal nas ações de educação, em todos os seus níveis.

Para atingir tal meta, um dos primeiros entraves é o preconceito ainda resistente, inclusive entre docentes universitários. Exemplo disso pode ser verificado na unidade da Unesp na cidade de Marília, interior paulista.

"Marília é um campo contrário à EaD. A direção da unidade alega que cursos de pedagogia a distância não têm a qualidade necessária", informa Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Universidade Esta dual Paulista (Unesp). "Eles questionam EaD como modalidade de baixo nível", diz.

Esse comportamento existe em âmbito acadêmico por "desconhecimento", na visão de Klaus. "As pessoas criticam EaD sem nunca terem participado dos cursos, sem nunca terem olhado o projeto pedagógico dessa modalidade de ensino", acredita.

Impacto nos professores
Para reverter a resistência, a estratégia da Unesp é fazer capacitação tecnológica dos professores, principalmente nas graduações de pedagogia. "O professor do ensino fundamental e médio não é formado para usar a tecnologia em sala. Isso é culpa da universidade. Formamos mal os professores", defende.

Em consequência dessa carência, professores despreparados repetem os equívocos contra a EaD. "Ele torna-se resistente à tecnologia porque não foi formado por meio dela", atesta. Mas, para o professor Klaus, o modelo presencial não vai acabar "de jeito nenhum". "Nem a educação a distância pode ser a salvadora de tudo, nem o presencial é o que vale. É uma adequação de contexto e demanda", diz.

O presidente da Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), Fredric Michael Litto, também ressalta a importância do professor na disseminação da cultura em EaD. "Estamos numa transição extremamente dolorosa e numa paralisia paradigmática", pondera. Litto vê como paradigma a atuação do professor, que no passado dominava todo o conteúdo e era responsável por "entregar" o conhecimento ao aluno. "Isso vai contra todas as novas ideias de educação", defende.

Agora o papel do professor tornou-se mais relevante. "O professor tem de levar os alunos a interpretar, organizar as atividades dos estudantes de forma a aproximá-los do conhecimento, trabalhando em grupos ou individualmente", acredita. E ressalta: "Nenhuma tecnologia pode substituir o bom professor".

Litto também pondera ações práticas que poderiam ser adotadas pelas instituições de ensino, principalmente as particulares, para acabar com o preconceito. "Elas deveriam fazer mais pesquisas quantitativas sobre seus egressos para saber como eles estão indo no mercado de trabalho e mostrar que esses alunos são mais proativos e tornam-se melhores executivos", sugere.

Unesp estuda EAD
O desenvolvimento de projetos de educação a distância na Unesp teve início em 2005. Em dezembro de 2010, a universidade obteve o credenciamento pleno do Ministério da Educação para ofertar a modalidade, e prevê para 2011 o estudo de novos cursos e abertura de novas turmas nos programas de especialização. A universidade tem atualmente 4.610 alunos matriculados a distância: 1.350 na graduação e 3.260 na pós-graduação. A graduação começou em março do ano passado, com o curso de pedagogia. "Ainda é muito pouco", diz Klaus Schlünzen Junior, coordenador do Núcleo de Educação a Distância (NEaD) da Unesp, que admite preconceito contra a EAD na universidade. Para modificar esse cenário, o NEaD vai trabalhar em 2011 para avaliar os cursos em vigência. Os resultados serão apresentados aos conselhos e órgãos colegiados para a sensibilização da expansão da modalidade. "Temos muito a aprender. Identificamos coisas boas e outras que podem ser melhoradas", diz Klaus. Além disso, o NEaD vai trabalhar a questão do uso da tecnologia com os professores. "Queremos incentivar os professores a utilizarem a tecnologia nos cursos presenciais. Fomentar o uso das atividades virtuais", adianta.

Vale a pena internacionalizar?
Uma característica do atual cenário da EAD no Brasil é a possibilidade de atuar no mercado externo. Mas, nesse caso o idioma é a principal facilidade ou dificuldade do aprendizado. Instituições originárias de países onde o idioma oficial é o inglês levam vantagem sobre as demais. Mais de 80% do conteúdo da internet está na língua de Shakespeare. Por isso, a possibilidade da internacionalização para as instituições brasileiras exige estrutura e planejamento para oferecer as melhores condições educacionais aos alunos e, consequentemente, obter retorno do investimento. A Associação Internacional de Educação Continuada (Aiec) é uma das instituições nacionais com maior representatividade em outros países. Atualmente, oferece cursos em Angola e no Japão. Apesar da experiência positiva no exterior, o fundador da instituição, Vicente Nogueira Filho, acredita que não vale a pena investir na internacionalização dos cursos. "Comercialmente não é válido", atesta. Um dos motivos alegados por ele é a concorrência desleal. "A competição às vezes é bastante desonesta. Há pessoas vendendo apostila [como curso de EaD]", reclama.

A Unisul Virtual também se prepara para se lançar nesse campo. "A internacionalização é fundamental em EaD", defende a diretora Jucimara Röeseler. Em conjunto com a Universidade Marconi, na Itália, a Unisul Virtual lançará uma pós-graduação com dupla certificação, uma brasileira e outra italiana. O principal entrave a ser superado no projeto é a questão linguística. "Essa iniciativa envolve outra demanda administrativa. Um exemplo é o fato de o professor ser bilíngue", exemplifica Jucimara.

Popularização na Ásia
Pelos levantamentos da Abed, dois milhões de pessoas se formaram em cursos a distância em 2009 - metade em cursos autorizados pelo MEC. Há no país 1.764 cursos e 250 instituições credenciadas pelo Ministério. O presidente da Abed, Fredric Michael Litto, pondera, porém, que o Brasil está "atrasado". "O Brasil foi o ultimo país com população acima de 100 milhões de pessoas a criar uma universidade aberta", diz. Segundo ele, existem 70 universidades abertas na Ásia. O Japão, por exemplo, investe no desenvolvimento da educação a distância há 30 anos. Na opinião de Litto, esse histórico resulta na procura massiva de estudantes por cursos a distância. A universidade Indira Gandhi, na Índia, primeira no continente asiático, registra 3,2 milhões de alunos em bacharelado, mestrado e doutorado. A Universidade Aberta do Paquistão, segunda maior do continente, tem 1,8 milhão de alunos.


"Precisamos apoiar o corpo docente"
Uma das referências no Ensino a Distância nos Estados Unidos, John Ebersole, diretor-presidente do Excelsior College, Nova York, fala que só depois de 20 anos a EaD começa a ser relevante na educação americana. Em mais de 40 anos de vida acadêmica, Ebersole ocupou diversos cargos de gestão, entre outros, nas Universidades de Berkeley, John F. Kennedy e Estadual do Colorado. Leia a entrevista à revista Ensino Superior.

Ensino Superior - No Brasil, EaD ainda é entendida como ensino de "segunda categoria". Qual a opinião do senhor sobre isso?
John Ebersole - A ideia de EaD como ensino de "segunda categoria" também foi uma situação enfrentada nos Estados Unidos. Essa imagem leva tempo para ser modificada. Cheguei à EaD no final dos anos de 1980; só agora estou vendo esse ensino ser considerado relevante à educação. Cada vez mais universidades tradicionais a oferecem e as vantagens da educação on-line são mais reconhecidas. É cada vez mais difícil ignorá-la, rejeitá-la ou tratá-la como educação inferior.

ES - Qual é o principal ganho educacional da EaD?
Há várias vantagens. Algumas são a capacidade de estudar de forma autônoma; a possibilidade de escolhas de métodos de aprendizagem mais adequados a cada um; e a proatividade. Na era de uma economia globalizada, as sociedades que passam a ser mais competitivas, economicamente, são as que têm feito o melhor trabalho de educar e reeducar sua força de trabalho. A EaD adapta-se a essa necessidade.

ES - Quais são as características que uma instituição de ensino superior deve ter para oferecer ensino a distância?
O fator mais importante é o apoio do corpo docente. É preciso ter avaliações rigorosas para assegurar o aprendizado. A universidade também deve garantir acesso a todos os serviços que são oferecidos aos estudantes no campus - livros, tutorial, entre outros.

ES - A EaD é uma modalidade muito popular hoje nos EUA. Por que isso?
Há várias razões para essa popularidade. Primeiro por causa da autonomia em administrar o tempo dedicado aos estudos. Depois a redução de gastos com transporte, a oferta de cursos diferenciados, a possibilidade de conjugar trabalho e ensino. Atualmente, estima-se que cerca de seis milhões de alunos estão matrículados, pelo menos, em um curso on-line nos EUA.

ES - Qual sua principal preocupação como gestor da Excelsior?
Garantir o foco na qualidade do ensino. Estou preocupado também,com a segurança cibernética e a integridade do nosso modelo de ensino.
FONTE: UOL EDUCAÇÃO

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Estados deixaram de repassar R$ 1,2 bilhão para o fundo da educação em 2010

Doze estados e o Distrito Federal deixaram de aplicar R$ 1, 2 bilhão no Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb) no ano passado.

Levantamento do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação), responsável pela administração do Fundeb, mostra que Acre, Alagoas, Amapá, Bahia, Espírito Santo, Pará, Piauí, Paraná, Rio de Janeiro, Roraima, Tocantins, Rondônia e Distrito Federal repassaram para o fundo menos do que deveriam. O cálculo foi feito pelo FNDE com base na arrecadação desses Estados. Vander Oliveira, coordenador-geral do Fundeb, afirma que cabe, agora, aos órgãos de controle investigar porque os entes federados não aplicaram o valor devido.

Os recursos do fundo, criado em 2007, devem ser aplicados por Estados e municípios na melhoria da qualidade do ensino, incluindo investimento nas estruturas públicas das escolas e no pagamento de professores. O montante é composto por percentuais de nove impostos e transferências como o IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços), além de uma complementação da União.

“Não posso assegurar se o dinheiro deixou de ser aplicado na educação. A nós não cabe fazer juízo de valor porque esse papel é do tribunal quando for analisar e julgar a questão”, defende o representante do FNDE. O maior rombo foi no Distrito Federal: R$ 1,03 bilhão. Segundo Oliveira, ao contrário do que determina a lei, o DF não tem conta específica para depositar os recursos do fundo. Dessa forma, o FNDE não tem como controlar se os percentuais estão sendo investidos ou não em educação. A grosso modo, é como se o DF não tivesse repassado nenhum centavo para o fundo em 2010.

De acordo com a Secretaria de Educação, técnicos já trabalham para resolver as pendências financeiras do DF. A assessoria de imprensa da secretaria ressaltou que no período de 2010, ao qual se refere o levantamento, o Distrito Federal teve quatro governadores após a Operação Caixa de Pandora - que revelou um esquema de corrupção e que resultou na saída do governador José Roberto Arruda do cargo - e o novo governo ainda está trabalhando para sanar essas “pendências”.

O Fundeb, na verdade, não é uma conta única, mas 27 fundos – um para cada estado e o Distrito Federal. Cada um repassa para a conta específica 20% da arrecadação obtida com nove impostos e transferências e o dinheiro é aplicado nas redes municipais e estaduais de educação daquele ente federado. A União complementa com 10% do que os estados depositaram. Os entes federados que não têm verba suficiente para investir o valor mínimo por aluno estipulado anualmente pelo Ministério da Educação (MEC) recebem um complemento.

Depois do DF, o Espírito Santo é o estado que deixou de repassar o maior valor ao fundo em 2010: R$ 186 milhões. A Secretaria de Educação foi procurada, mas não respondeu até o fechamento da matéria. Segundo Oliveira, o problema do estado é antigo e deve-se ao fundo estadual para desenvolvimento de atividades portuárias, para onde é repassada parte do ICMS que deveria ser enviada ao Fundeb.

Apesar de em 2009 o déficit do Fundeb também ter ficado na casa de R$ 1 bilhão, Oliveira acredita que em 2010 o problema foi mais concentrado nos dois estados – o Distrito Federal e o Espírito Santo. Para ele, isso significa que os governos estão mais conscientes da responsabilidade do repasse ao fundo. “O problema se concentra no DF e no Espírito Santo. Nos outros estados as diferenças são residuais, que podem ocorrer em função de pequenos tratamentos da receita ao longo do ano”, avalia Oliveira. Em 2010, a receita total do fundo foi de R$ 87,4 bilhões, sendo R$ 58 bilhões dos estados, R$ 7,9 de completação do governo federal e R$ 21 bilhões de receitas advindas de impostos arrecadados pela União.

A Secretaria de Educação do Rio de Janeiro alega que os R$ 5 milhões que constam como débito no levantamento se referem às receitas recebidas na última semana de 2010, que só são repassadas em janeiro de 2011 e deixam de ser contabilizadas pelo FNDE, que considera a movimentação da conta bancária do Fundeb até dezembro. Em nota, a secretaria afirma que “o Rio de Janeiro tem alertado repetidamente o FNDE sobre essa impropriedade técnica, sem resultado, o que vem causando um mal-entendido”. A mesma explicação foi dada pelas secretaria de Educação da Bahia e do Acre.

As secretarias de Educação do Pará e do Tocantins informaram que as equipes técnicas estão verificando com as instituições responsáveis pela distribuição dos recursos o motivo das divergências em relação ao repasse. A Agência Brasil procurou todos os 13 estados, mas não conseguiu contato com as secretarias de Educação de Roraima e do Amapá. Os governos do Espírito Santo, de Alagoas, do Piauí, Paraná e de Rondônia foram procurados, mas não se posicionaram sobre o problema até o fechamento da matéria.
FONTE/educacao.uol.com.br

quarta-feira, 13 de abril de 2011

Secretária Estadual de educação chega de mãos vazias em audiência com o Sinte-RN

Secretária Estadual de educação chega de mãos vazias em audiência com o Sinte-RN
A audiência com a Secretaria Estadual de educação, Betânia Ramalho, realizada hoje(13) rendeu apenas o compromisso da Secretária em estar presente na próxima audiência com o chefe de Gabinete do Governo, Paulo de Tarso. O encontro está marcado para a próxima segunda-feira.
Para o coordenador geral do Sinte-RN, professor Rômulo Arnauld o encontro foi decepcionante. “Foi horrível. Muita conversa e nenhuma definição. Está claro que a Secretaria de Educação não tem nenhuma autonomia para decidir nada. Depende totalmente das outras secretarias.”, afirmou Rômulo.
Ao todo o Sinte-RN já obteve quatro audiências, todas sem avanço. Diante disso, a direção do Sinte-RN reiterou que o governo tem até o próximo dia 28 para apresentar uma proposta concreta. “Deixamos claro para a Secretária que, se até lá isso não ocorrer, vamos defender a deflagração de uma greve geral no Estado”, explicou Rômulo.
FONTE/www.sintern.org.br

Plano Nacional de Educação é peça-chave para melhorar ensino

O Plano Nacional de Educação (PNE), em tramitação no Congresso Nacional e cuja comissão especial será instalada nesta quarta-feira (13), é peça-chave para o Brasil melhorar o nível de aprendizagem no ensino médio. É por meio dele que o País poderá corrigir as falhas no sistema educacional como o despreparo dos professores para lidar com alunos do “século 21” e a ausência de regras claras sobre a universalização do ensino.


Foto: Guilherme Lara Campos/FotoarenaAmpliar
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Essa análise foi feita pela diretora executiva do Movimento Educação Para Todos, Priscila Cruz. Ela alerta que a apreciação pelos parlamentares deve ser acompanhada pela sociedade porque se trata de um plano que “está acima de governo e de interesses imediatos”. Para Priscila Cruz, no cenário atual “quem paga a conta é o aluno pela ineficiência, por não aprender ou por sair da escola antes da conclusão”.

Ela defende maior investimento na carreira do magistério para despertar o interesse daqueles que tenham sido os melhores alunos do ensino médio para essa profissão. “A gente tem no País apenas 11% dos jovens que concluem o ensino médio com o aprendizado mínimo de matemática. Então a gente tem pela frente uma batalha imensa para tentar garantir o direito de todos os alunos para este conhecimento”. Na avaliação dela, é necessário ter professores mais engajados com essa missão.

Priscila Cruz reconhece, no entanto, que a tarefa de ensinar se tornou um grande desafio porque hoje as vagas nas escolas estão abertas para todos. E a maioria que não consegue alcançar o mínimo de aprendizagem muitas vezes são alunos de famílias pobres que chegam às salas de aula com problemas de saúde, de transportes e outras dificuldades advindas da sua condição social.

Essas dificuldades, conforme defende Priscila Cruz, devem ser compensadas com um bom programa de ensino que deve ter a figura do professor no centro de tudo. “A gente tem que ter na escola uma política compensatória para que essas crianças que estão nas camadas mais pobres, mais vulneráveis, excluídas, possam se igualar em oportunidades porque não é justo ter uma desigualdade tão grande”.

Ela citou o resultado de um levantamento do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (Pisa) da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) no qual foi constatado que os países melhores colocados na qualidade do ensino, entre eles o Canadá, a Coreia do Sul, a Finlândia e Xangai, conseguiram atrair 30% dos alunos do ensino médio para a carreira do magistério. “A gente não tem isso aqui, a carreira não é suficientemente atraente”.

Além disso, afirmou que o Brasil não tem uma preparação adequada nas faculdades de pedagogia e de licenciatura. “A formação é muito voltada para a teoria e é pouco prática no sentido da didática para atrair os alunos”. Ela defende ainda a adoção de regime de atuação para o ensino federal, estadual e municipal e a implantação de uma Lei de Responsabilidade Educacional.

Para o professor titular da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo (USP), Nilson José Machado, a falta de estudantes interessados na carreira de professor não é causada majoritariamente pelas condições salariais dos educadores. Mas pelas pelas péssimas condições de trabalho e pela desvalorização simbólica da carreira.

“Há uma condição de trabalho inteiramente deteriorada na educação básica. Isso passa pelo salário, mas, absolutamente, não se resume a ele. Um professor com 40 horas semanais tem de estar 32 duas horas na sala de aula por semana. Isso, independentemente do salário, é uma péssima condição de trabalho”.

De acordo com Machado, existe um bom número de professores com boa formação, mas que são atraídos para outras profissões em razão das condições precárias do ensino. “Os professores bem preparados existem aos montes, mas eles foram paulatinamente expulsos da sala de aula buscando melhores condições de trabalho”, disse. “A política que existe de preparar melhor os professores que estão na sala de aula é um furo n'água, porque quanto mais preparado o professor fica, mais ele vai procurar outra coisa para fazer”, completou.

Ele ressaltou ainda que a profissão de professor precisaria, como ocorre na maioria das ocupações com responsabilidade social, ter uma instituição de regule a profissão. “Tem de haver instituições como a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil] para os docentes. Já faz muito tempo que a gente não tem esse tipo de regulação”.
FONTE: ultimosegundo.ig.com.br

terça-feira, 12 de abril de 2011

Trabalhadores em Educação do RN comemoram a decisão favorável ao Piso

Trabalhadores em Educação do RN comemoram a decisão favorável ao Piso
Após a vitória do piso no Supremo Tribunal Federal (STF), vamos pressionar o governo estadual e todos os prefeitos do nosso estado para que o salário dos trabalhadores em educação sejam reajustados conforme a lei 11.738.
Os trabalhadores em educação do RN acompanharam a votação que durou cerca de seis horas, na quarta-feira (6), em Brasília. Por 7 votos a 2, a corte julgou improcedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) impetrada em 2008 pelos governadores do Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, e determinou que o piso fosse considerado como salário base da carreira, sem gratificações incorporadas.
Para Janeayre Souto, diretora de organização do SINTE, a ADI descaracterizava o princípio da legislação que prevê o piso como valor abaixo do qual a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios não poderão fixar o vencimento inicial das carreiras do magistério público da educação básica. “O Supremo conseguiu absorver aquilo que defendemos historicamente, garantindo o piso como vencimento básico e ainda entendeu que são necessárias outras políticas públicas, além do salário, para a melhoria da educação pública”, apontou.
Diante do resultado, o SINTE vai cobrar do governo estadual e de todos os prefeitos do nosso estado à aplicação integral do valor exigido pelo Ministério da Educação (MEC), além do reajuste baseado no artigo 5º da lei o qual estabelece que “O piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado, anualmente, no mês de janeiro, a partir do ano de 2009”.
De acordo com a Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE), os valores da carreira inicial devem ser atualizados para R$ 1.597,32, a serem pagos aos docentes com nível médio, e R$ 2.395,98 para professores com nível superior, levando em conta a reivindicação de 50% de diferença salarial por matriz de formação.
“Vamos fazer mobilizações e acompanhar as que forem articuladas pela CNTE para exigir que quem não está pagando enfim pague o piso”, destaca Janeayre.
AULA-ATIVIDADE – Como não houve maioria no plenário, ficou para a próxima semana a votação sobre a regra de que um terço da carga horária do professor deverá ser reservado para atividades extraclasse como planejamento de aula e atualização. Os governos alegam que esse ponto da lei fere a autonomia dos estados e municípios em organizar seus próprios sistemas de ensino.
FONTE:www.sintern.org.br

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Piso dos professores terá impacto de R$ 1,9 bilhão nas contas municipais, diz CNM

Piso dos professores terá impacto de R$ 1,9 bilhão nas contas municipais, diz CNM
Amanda Cieglinski
Da Agência Brasil
Em Brasília

O impacto da lei dos piso nacional do magistério no orçamento dos municípios será de R$ 1,9 bilhão, segundo levantamento da CNM (Confederação Nacional dos Municípios). Cinco governadores entraram com uma ADI (Ação direta de inconstitucionalidade) contra a lei em 2008, mas ontem (6) o STF (Supremo Tribunal Federal) declarou que a lei é válida. A Corte determinou ainda que o termo piso deve ser considerado como vencimento inicial, excluindo-se gratificações e outros benefícios, como defendiam os proponentes da ação.

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O valor atualizado que deve ser pago pelos estados e municípios, em 2011, é R$ 1.187,14 por uma jornada de de trabalho de 40 horas semanais a profissionais com nível médio. Levantamento feito pela CNM com 1.641 municípios mostra que, considerando o piso como vencimento inicial, a média salarial paga a professores de nível médio variou, em 2010. entre R$ 587 e R$ 1.011,39. No caso dos docentes com formação superior, os valores variaram entre R$ 731,84 e R$ 1.299,59. “Quando considerado como vencimento inicial, o pagamento do piso dos professores gera um grande impacto nas finanças municipais”, informou entidade por meio de nota.

A lei do piso prevê a complementação da União aos estados e municípios que não conseguirem arcar com esses custos. Essa transferência de recursos é prevista por meio do Fundeb (Fundo de Desenvolvimento da Educação Básica). A CNM ressaltou, entretanto, que o Fundeb cobre apenas nove estados e a assistência dependerá “do atendimento de critérios estabelecidos pelo Ministério da Educação" e, por esse motivo, "a distribuição dos recursos não será feita de maneira automática”.

“A CNM sempre reconheceu a necessidade de melhorar a remuneração dos professores, no entanto, a entidade ressalta que também é preciso assegurar os investimentos em outras áreas da educação, como o transporte escolar, material didático, reforma e construção de escolas, entre outras ações. Além disso, os gestores também devem preservar o equilíbrio das contas públicas e respeitar as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal”, diz ainda a nota.
FONTE: educacao.uol.com.br

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Lei do piso do professor vale para todo o país, decide STF

Lei do piso do professor vale para todo o país, decide STF
Ana Okada*
Em São Paulo

O STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu nesta quarta-feira (6), por 7 votos a 2, a validade da Lei do Piso Nacional do Magistério. Após adiar por duas vezes o julgamento do mérito da matéria, o Supremo rejeitou a Adin (Ação Direta de Constitucionalidade) que havia sido impetrada por cinco Estados, em que era alegada a inconstitucionalidade da lei.

A lei do piso foi sancionada em 2008 e determinava, dentre outros pontos, o piso de R$ 950 (atualmente, está em R$ 1.187,14) a professores da educação básica da rede pública com carga horária de 40 horas semanais.

Por meio da ação impetrada no mesmo ano da sanção da lei, Mato Grosso do Sul, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Ceará também questionavam pontos específicos, tais como a regra de que um terço da carga horária do professor deveria ser reservada para atividades extraclasse, como planejamento de aula e atualização. Esse dispositivo foi suspenso pelos ministros à época da aprovação da lei, e voltou a ser discutido hoje, mas a decisão sobre essa questão não foi deferida ainda. De acordo com a assessoria de imprensa do STF, essa matéria pode voltar à pauta amanhã.
FONTE:educacao.uol.com.br

sábado, 2 de abril de 2011

A escola e o contexto local

A escola e o contexto local

Anderson Benelli *
É muito comum ouvirmos educadores(as) e pais dizerem que a escola – e com escola quero dizer os seres humanos que a compõem e a cidade, uma vez que ela não é feita de concreto e sim dos seres humanos que formam essa sociedade - é nossa segunda casa e, por isso, devemos respeitá-la. Mas que casa é essa onde a palavra de ordem é não? Onde educandos(as) não podem exercer o seu direito a palavra e nem fazer nada no qual se reconhecem?

Os(As) educandos(as) não se reconhecem na escola, porque a escola ainda não se reconhece como parte da comunidade que está inserida. Se o museu é o mundo como diz o artista brasileiro Hélio Oiticica, a escola também o é. E é no mundo que se faz o processo de ensino/aprendizagem. Aprendemos em contato com o mundo e com o outro, como bem disse Paulo Freire.

Durante o debate “Além dos muros da escola que ocorreu no Terreiro Eu sou a Rua na 29ª Bienal de São Paulo”, uma educadora disse que a escola é desestimulante para os(as) alunos(as) por três fatores: é todo dia, é obrigatória e é um espaço coletivo. Por ser uma atividade rotineira em um espaço coletivo eu não posso expressar minha identidade como indivíduo? Isso não parece o suficiente para justificar o desinteresse de grande parte dos(as) educandos(as), já que durante toda vida convivemos coletivamente cumprindo com obrigações rotineiras. O ser humano chega ao mundo já inserido em uma pequena sociedade, a família. Depois vem o convívio com irmãos, parentes, amigos, desafetos, etc. Ou seja, obrigatoriamente vivemos todos os dias coletivamente e nem por isso a vida é desestimulante, a não ser que o indivíduo esteja sofrendo de desesperança e/ou depressão. A escola é o lugar onde fazemos novas amizades, lugar de encontros com colegas, amigos(as), namoradas(os). Como um lugar que proporciona tantas experiências
e encontros interessantes pode ser tão desestimulante?

Infelizmente, muitas escolas ainda não se reconhecem como parte da comunidade, automaticamente, a comunidade não se reconhece na escola e, consequentemente, os(as) educandos(as) como indivíduos dessa comunidade também não. Ao que parece, os maiores responsáveis por esse ambiente opressivo em sala de aula que afasta os(as) educandos(as) são: o currículo, o projeto pedagógico e a metodologia de ensino de alguns professores, dos quais muitos também foram vítimas de um ensino/aprendizagem opressor. E exatamente por isso, uma parte considerável deles não tem consciência crítica desse fato. E por sofrerem com uma educação “bancária”, tratados como recipientes vazios a receberem conhecimento como depósito, acabam ensinando como aprenderam.

Essa educação não interessa ao povo. Além de não estimular a reflexão, faz o oposto: a inibe, reprimindo a autonomia e a rebeldia, qualidades de valor imensurável no engajamento por mudanças. Essa educação resulta na preservação da hierarquia social. Porque “caminhos permitidos são rotas de escravidão e caminhos proibidos são rotas de libertação” (Fora de Frequência, 2010.), se repudia a rebeldia que estimula a autonomia e consciência crítica. Ou seja, essa educação “bancária” defende os interesses da classe dominante, inibindo a reflexão, a consciência crítica da realidade, a autonomia, o exercício da palavra dos oprimidos. Com isso, forma-se um povo domesticado, o que facilita a manipulação da opinião pública e a distorção da realidade social. Evita-se assim, que o povo enxergue as injustiças sociais e se rebele na luta por transformações contra um sistema social escravocrata.

Os muros que isolam a escola são muito mais que barreiras físicas, o muro físico é insignificante perto dos muros que muitos não conseguem ver, a escola ainda é uma instituição de controle onde indivíduos entram diferentes para saírem iguais. A igualdade que nós educadores(as) devemos buscar é a igualdade heterogênea, ou seja, a igualdade de respeito mútuo das diversidades e não a igualdade de cultura homogênea. Como atender as necessidades das diversidades culturais dos(as) educandos(as) e tornar o ensino/aprendizagem mais significativo?

Precisamos ter como conteúdo de ensino o foco de interesse dos(as) educandos(as) em uma abordagem interdisciplinar e intercultural. O grande problema nesse sentido é que parte dos(as) professores(as) ainda temem as manifestações culturais de interesse dos jovens por terem sido ensinados a temerem a rebeldia e subversão. As manifestações juvenis, normalmente, são carregadas dessas duas qualidades, o que reforça a necessidade de serem exploradas. Pois, essas são qualidades indispensáveis para um ensino/aprendizagem que valoriza a autonomia e consciência crítica dos(as) educandos(as). Como citou Paulo Freire “está errada a educação que não reconhece na justa raiva, na raiva que protesta contra as injustiças, contra a deslealdade, contra o desamor, contra a exploração e a violência um papel altamente formador”.

Por que a rua atrai mais do que a escola?

Os(As) educandos(as) esperam da escola que ela seja um território de liberdade, essa expectativa aumenta quando o(a) aluno(a) também se sente oprimido em casa, e a escola deve ser esse território de liberdade. Porém, é importante que não confundamos liberdade com algazarra, a escola temendo a segunda se torna o oposto, um lugar de repressão.

A rua permite que o sujeito exercite sua autonomia resolvendo conflitos, vivenciando diversas experiências em contato com o outro e com a realidade com que se identifica e, através de diferentes manifestações exerça sua palavra e, consequentemente, seu direito de “ser mais”. Ou seja, a rua se torna esse território de liberdade onde o indivíduo pode fazer suas próprias escolhas com as quais se identifica, rebelando-se contra os dogmas instituídos por um sistema social opressor, o indivíduo se sente livre ou pelo menos se libertando.

Mas, como fazer da escola um território de liberdade?

É preciso eliminar as fronteiras entre a rua e a escola, entre a realidade e a educação. Os(As) educadores(as) precisam tomar como temas de seus projetos pedagógicos o foco de interesse dos(as) educandos(as). A rua os atrai mais do que a escola porque essa propicia o contato direto com esses temas e com a realidade.

É contraditório se pararmos para pensar que os círculos de cultura filosóficos de Sócrates e seus companheiros foram a base referencial da academia, já que essa, parece fazer o oposto em sua proposta. Enquanto nos círculos filosóficos que geravam debates conceituais sobre a condição humana no mundo e em convívio com o outro, onde todos ouviam e exercitavam a palavra.

Nas escolas as carteiras são dispostas em fila com olhar dos(as) alunos(as) em direção ao mestre que, como um santo em um altar descarrega seu sermão que não deve ser interrompido pelos fiéis, deve ser ouvido sem questionamento porque o que ele diz é a verdade divina.

Nós educadores(as) precisamos repensar nossa prática de ensino/aprendizagem e nos apropriarmos das novas tecnologias, da rua e da realidade. E, a partir dos focos de interesse dos(as) educandos(as), problematizar nossa condição social no mundo com o outro, derrubando as fronteiras entre educação e realidade, escola e comunidade, educadores(as) e educandos(as). Assim, conseguiremos fazer do processo de ensino/aprendizagem algo realmente significativo, tanto para educandos(as) quanto para educadores(as), transformando a escola em um lugar de pertencimento, não só do educando(a) mas, de toda comunidade, formando sujeitos conscientes e engajados em busca de mudanças e melhores condições sociais para todos.
FONTE:UOL EDUCAÇÃO