quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

"DESEJOS" ou "OS VOTOS"

"DESEJOS" ou "OS VOTOS"
Sérgio Jockymann

Pois, desejo primeiro que você ame e que amando, também seja amado,
E que se não o for, seja breve em esquecer e esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja só, mas que se for, saiba ser sem desesperar.

Desejo também que tenha amigos e que, mesmo maus e inconseqüentes, sejam corajosos e fiéis,
E que em pelo menos um deles você possa confiar, que confiando, não duvide de sua confiança.
E porque a vida é assim, desejo ainda que você tenha inimigos, nem muitos, nem poucos,
mas na medida exata para que, algumas vezes, você se interpele a respeito de suas próprias certezas.
E que entre eles haja pelo menos um que seja justo, para que você não se sinta demasiadamente seguro.

Desejo, depois, que você seja útil, mas não insubstituivelmente útil, mas razoavelmente útil.
E que nos maus momentos, quando não restar mais nada, essa utilidade seja suficiente para manter você de pé.

Desejo ainda que você seja tolerante, não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
mas com os que erram muito e irremediavelmente, e que essa tolerância, não se transform em aplauso nem em permissividade,
Para que assim fazendo um bom uso dela, você dê também um exemplo para os outros.

Desejo que você, sendo jovem, não amadureça depressa demais e que, sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que, sendo velho, não se dedique a desesperar.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor
E é preciso deixar que eles escorram dentro de nós.

Desejo, por sinal, que você seja triste, mas não o ano todo, nem em um mês e muito menos numa semana,
Mas apenas por um dia. Mas que nesse dia de tristeza, você descubra que o riso diário é bom,
o riso habitual é insosso e o riso constante é insano.

Desejo que você descubra, com o máximo de urgência, acima e a despeito de tudo,
Talvez agora mesmo, mas se for impossível, amanhã de manhã, que existem oprimidos, injustiçados e infelizes,
E que estão à sua volta, porque seu pai aceitou conviver com eles.
E que eles continuarão à volta de seus filhos, se você achar a convivência inevitável.

Desejo ainda que você afague um gato, que alimento um cão e ouça pelo menos um joão-de-barro erguer
triunfante o seu canto matinal;
Porque assim você se sentirá bem por nada.

Desejo também que você plante uma semente, por mais ridícula que seja, e acompanhe o seu crescimento dia-a-dia,
para que você saiba de quantas muitas vidas é feita uma árvore.

Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro, porque é preciso ser prático.
E que, pelo menos uma vez por ano, você ponha uma porção dele na sua frente e diga:
"Isso é meu". Só para que fique bem claro quem é dono de quem.

Desejo ainda que você seja frugal, não inteiramente frugal,
não obcecadamente frugal, mas apenas usualmente frugal.
Mas que esse frugalismo não impeça você de abusar quando o abuso se impõe.

Desejo também que nenhum de seus afetos morra, por ele e por você,
Mas que, se morrer, você possa chorar sem se culpar e sofrer sem se lamentar.

Desejo, por fim, que sendo mulher, você tenha um bom homem,
E que sendo homem, tenha uma boa mulher.
E que se amem hoje, amanhã, depois, no dia seguinte, mais uma vez,
E novamente, de agora até o próximo ano acabar,
E que quando estiverem exaustos e sorridentes, ainda tenham amor para recomeçar.

E se isso só acontecer, não tenho mais nada para desejar.

* * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * * *

IMPORTANTE: esta poesia, de autoria de Sergio Jockymann, publicada em 1980 no Jornal Folha da Tarde, de Porto Alegre-RS, circula na internet como sendo de autoria de Victor Hugo, e assim foi publicada originalmente com o título 'Desejos'. Contactados pelo verdadeiro autor, com muito prazer desfazemos o equívoco, estabelecendo os créditos a quem de direito.
http://www.nossosaopaulo.com.br/Reg_SP/Politicos/B_SergioJockyman.htm

BIOGRAFIA RESUMIDA

SERGIO JOCKYMANN

Sérgio Jockyman nasceu em 1930, em Palmeiras das Missões-RS. Jornalista, romancista, poeta e teatrólogo, Jockyman teve, em 1955, o seu primeiro texto montado em Porto Alegre: Caim. No ano seguinte publicou Poemas em Negro. O sucesso chegou em 1962 com a peça Boa Tarde Excelência, ganhando projeção nacional. Vieram outros sucessos teatrais: Marido, Matriz e Filial, Lá, Treze.

Em 1969 estreou na televisão escrevendo os episódios de Confissões de Penélope, na TV Tupi, com Eva Wilma. No mesmo ano escreveu sua primeira novela: Nenhum Homem É Deus. Com O Machão, Jockyman atingiu o sucesso na TV, podendo apresentar sua linguagem popular - predominantemente em suas peças - para satirizar situações de ordem estabelecida. Ainda escreveu para vários jornais gaúchos, como o Zero Hora, a Folha da Tarde e o Vale dos Sinos, e foi candidato a prefeito de Porto Alegre em 1985, pelo Partido Liberal.

Fonte: www.teledramaturgia.com.br

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

EDUCAÇÃO

19h14 -Enem para prejudicados: mais da metade dos alunos chamados para refazer prova faltaram
18h29 -Gabarito do Enem para prejudicados por erro em caderno amarelo sai no dia 21 de dezembro
18h21 -Estudantes nus fazem manifestação nas Filipinas; assista ao vídeo
17h10 -Debate sobre PNE pode levar até um ano e meio no Congresso
16h33 -Em Curitiba, abstenção chama a atenção de inscritos no Enem para prejudicados
16h01 -Candidatos em BH dizem que novo Enem teve mesmo nível de dificuldade da prova com erro
15h36 -Medicina, direito e engenharia civil são os cursos mais disputados da UnB 2011; veja concorrência completa
15h14 -Em Curitiba, candidato consegue liminar para fazer Enem para prejudicados, mas não chega a tempo
15h06 -Candidato de Belo Horizonte chega atrasado à prova do Enem para prejudicados por erro
15h00 -Lula afirma que educação foi um dos destaques do governo dele
14h58 -Haddad: novo Plano de Educação não tem meta "impossível de ser cumprida"
14h32 -Candidata que não registrou problema em ata consegue liminar para fazer prova do Enem em BH
14h25 -ABC Paulista ganha 25 novas minibibliotecas para estimular leitura de metalúrgicos
14h21 -Atirador morre após abrir fogo em escola na Flórida
14h04 -Único candidato da Grande São Paulo não aparece para refazer prova do Enem
13h58 -ITA 2011: veja a resolução comentada das provas de português, inglês e redação
13h36 -Veja comparação entre salários de professores e de outras ocupações
13h29 -Em local de prova de BH, inscritos fazem Enem para prejudicados com medo de novos erros
13h06 -Plano prevê que criança seja alfabetizada até 8 anos para melhorar desempenho escolar
13h03 -Novo plano prevê igualar salário do professor ao de outros profissionais
12h32 -Professor ganha 40% menos que trabalhador com mesma escolaridade. Comente
12h22 -Alfabetização de crianças até os 8 anos pode melhorar desempenho escolar
12h20 -Confira as 20 metas que compõem o Plano Nacional de Educação 2011-2020
12h18 -Plano Nacional de Educação tem 20 metas; 20% são ligadas à valorização do professor
12h12 -Paula Souza oferece 600 bolsas de estudo de inglês
12h01 -Cursinho pré-vestibular da Unesp abre 120 vagas em Marília (SP)
11h27 -Professor ganha 40% menos que média do trabalhador brasileiro com mesma escolaridade
09h55 -USP decide não pagar bônus a professores e funcionários
09h16 -UFPR diploma primeira aluna de origem indígena
08h57 -Catraca Livre vira projeto de incubadora em Harvard

UOL EDUCAÇÃO

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

DESIDERATA


Vá placidamente por entre o barulho e a pressa
e lembre-se da paz que pode haver no silêncio.

Tanto quanto possível, sem capitular,
esteja de bem com todas as pessoas.
Fale a sua verdade calma e claramente;
e escute os outros,
mesmo o estúpido e o ignorante;
também eles têm sua história.

Evite pessoas barulhentas e agressivas:
elas são tormento para o espírito.
Se você se comparar a outros,
pode tornar-se fútil e amargo;
porque sempre haverá pessoas superiores e inferiores a você.
Desfrute suas conquistas, assim como seus planos.
Mantenha-se interessado em sua própria carreira, mesmo que humilde;
é o que realmente se possui na sorte incerta dos tempos.
Exercite cautela nos seus negócios;
porque o mundo é cheio de artifícios;
mas, não deixe que isso o torne cego à virtude que exista.
Muitas pessoas lutam por altos ideais;
e por toda parte a vida é cheia de heroísmo.

Seja você mesmo.
Principalmente, não finja afeição.
Nem seja cínico sobre o amor,
porque em face de toda aridez
e desencantamento ele é perene como a grama.
Aceite gentilmente o conselho dos anos,
renunciando com benevolência às coisas da juventude.
Cultive a força do espírito
para proteger-se num infortúnio inesperado.
Mas não se desgaste com pensamentos negros.
Muitos temores nascem da fadiga e da solidão.

Além de uma benéfica disciplina,
seja bondoso consigo mesmo.
Você é um filho do Universo,
não menos que as árvores e as estrelas.
Você tem o direito de estar aqui.
E quer seja importante ou não para você,
sem dúvida o Universo se desenrola como deveria.

Portanto, esteja em paz com Deus,
qualquer que seja sua forma de concebê-lo.
E seja qual forem a sua lida e as suas aspirações,
na barulhenta confusão da vida,
mantenha-se em paz com a sua alma.
Com todos os enganos, penas e sonhos desfeitos,
este é ainda um mundo maravilhoso.
Seja otimista!
Empenhe-se em ser feliz!

Max Ehrmann, 1927
* DESIDERATA - Do Latim Desideratu: Aquilo que se deseja, aspiração.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MESMO ASSIM

As pessoas são irracionais, ilógicas e egocêntricas.
Ame-as MESMO ASSIM.

Se você tem sucesso em suas realizações,
ganhará falsos amigos e verdadeiros inimigos.
Tenha sucesso MESMO ASSIM.

O bem que você faz será esquecido amanhã.
Faça o bem MESMO ASSIM.

A honestidade e a franqueza o tornam vulnerável.
Seja honesto MESMO ASSIM.

Aquilo que você levou anos para construir,
pode ser destruído de um dia para o outro.
Construa MESMO ASSIM.

Os pobres têm verdadeiramente necessidade de ajuda,
mas alguns deles podem atacá-lo se você os ajudar.
Ajude-os MESMO ASSIM.

Se você der ao mundo e aos outros o melhor de si mesmo,
você corre o risco de se machucar.
Dê o que você tem de melhor MESMO ASSIM.

Madre Tereza de Calcutá
LAO-TSÉ

As palavras verdadeiras não são bonitas,
as palavras bonitas não são verdadeiras.

A habilidade não é persuasiva,
a persuasão é destituída de mérito.

O Sábio não é erudito,
o erudito não é sábio.

O Sábio não acumula posses.
Quanto mais ele faz para os outros,
mais ele possui.
Quanto mais dá aos outros,
mais ele recebe.

O Tao do Céu "favorece sem prejudicar".
O Tao do Sábio é "agir sem lutar"

Lao-Tsé do livro TAO-TE KING

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A GENTE SE ACOSTUMA

A GENTE SE ACOSTUMA

Marina Colassanti



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamento de fundos e não ver vista que não sejam as janelas ao redor. E porque não tem vista logo se acostuma a não olhar para fora. E porque não olha para fora, logo se acostuma e não abrir de todo as cortinas. E porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, se esquece do sol, se esquece do ar, esquece da amplidão.

A gente se acostuma a acordar sobressaltado porque está na hora. A tomar café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder tempo. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E não aceitando as negociações de paz, aceitar ler todo dia de guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: “hoje não posso ir”. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisa tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que se deseja e necessita. E a lutar para ganhar com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagará mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar nas ruas e ver cartazes. A abrir as revistas e ler artigos. A ligar a televisão e assistir comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição, às salas fechadas de ar condicionado e ao cheiro de cigarros. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam à luz natural. Às bactérias de água potável. À contaminação da água do mar. À morte lenta dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinhos, a não ter galo de madrugada, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta por perto.

A gente se acostuma a coisas demais para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta lá.
Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente só molha os pés e sua o resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito que fazer, a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem muito sono atrasado.

A gente se acostuma a não falar na aspereza para preservar a pele. Se acostuma para evitar sangramentos, para esquivar-se da faca e da baioneta, para poupar o peito.

A gente se acostuma para poupar a vida.

Que aos poucos se gasta, e que, de tanto acostumar, se perde de si mesma.

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

UM DIA VOCÊ APRENDE

Depois de algum tempo, você aprende a diferença, a sutil diferença, entre dar a mão e acorrentar uma alma. E você aprende que amar não significa apoiar-se, e que companhia nem sempre significa segurança. E começa a aprender que beijos não são contratos e presentes não são promessas. E começa a aceitar suas derrotas com a cabeça erguida e olhos adiante, com a graça de um adulto e não com a tristeza de uma criança.

E aprende a construir todas as suas estradas no hoje, porque o terreno do amanhã é incerto demais para os planos, e o futuro tem o costume de cair em meio ao vão. Depois de um tempo você aprende que o sol queima se ficar exposto por muito tempo. E aprende que não importa o quanto você se importe, algumas pessoas simplesmente não se importam... E aceita que não importa quão boa seja uma pessoa, ela vai feri-lo de vez em quando e você precisa perdoá-la, por isso. Aprende que falar pode aliviar dores emocionais.

Descobre que se levam anos para se construir confiança e apenas segundos para destruí-la, e que você pode fazer coisas em um instante das quais se arrependerá pelo resto da vida. Aprende que verdadeiras amizades continuam a crescer mesmo a longas distâncias. E o que importa não é o que você tem na vida, mas quem você tem na vida. E que bons amigos são a família que nos permitiram escolher. Aprende que não temos que mudar de amigos se compreendemos que os amigos mudam, percebe que seu melhor amigo e você podem fazer qualquer coisa, ou nada, e terem bons momentos juntos.

Descobre que as pessoas com quem você mais se importa na vida são tomadas de você muito depressa, por isso sempre devemos deixar as pessoas que amamos com palavras amorosas, pode ser a última vez que as vejamos. Aprende que as circunstâncias e os ambientes tem influência sobre nós, mas nós somos responsáveis por nós mesmos. Começa a aprender que não se deve comparar com os outros, mas com o melhor que pode ser. Descobre que se leva muito tempo para se tornar a pessoa que quer ser, e que o tempo é curto. Aprende que não importa onde já chegou, mas onde está indo, mas se você não sabe para onde está indo, qualquer lugar serve. Aprende que, ou você controla seus atos ou eles o controlarão, e que ser flexível não significa ser fraco ou não ter personalidade, pois não importa quão delicada e frágil seja uma situação, sempre existem dois lados.

Aprende que heróis são pessoas que fizeram o que era necessário fazer, enfrentando as conseqüências. Aprende que paciência requer muita prática. Descobre que algumas vezes a pessoa que você espera que o chute quando você cai é uma das poucas que o ajudam a levantar-se.

Aprende que maturidade tem mais a ver com os tipos de experiência que se teve e o que você aprendeu com elas do que com quantos aniversários você celebrou. Aprende que há mais dos seus pais em você do que você supunha. Aprende que nunca se deve dizer a uma criança que sonhos são bobagens, poucas coisas são tão humilhantes e seria uma tragédia se ela acreditasse nisso.

Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel. Descobre que só porque alguém não o ama do jeito que você quer que ame, não significa que esse alguém não o ama, contudo o que pode, pois existem pessoas que nos amam, mas simplesmente não sabem como demonstrar ou viver isso.
Aprende que nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem que aprender a perdoar-se a si mesmo. Aprende que com a mesma severidade com que julga, você será em algum momento condenado. Aprende que não importa em quantos pedaços seu coração foi partido, o mundo não pára para que você o conserte. Aprende que o tempo não é algo que possa voltar para trás.

Portanto... plante seu jardim e decore sua alma, ao invés de esperar que alguém lhe traga flores. E você aprende que realmente pode suportar... que realmente é forte, e que pode ir muito mais longe depois de pensar que não se pode mais. E que realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida!"

William Shakespeare

EU APRENDI

Eu aprendi...
...que ignorar os fatos não os altera;

Eu aprendi...
...que quando você planeja se nivelar com alguém, apenas esta permitindo que essa pessoa continue a magoar você;

Eu aprendi...
...que o AMOR, e não o TEMPO, é que cura todas as feridas;

Eu aprendi...
...que ninguém é perfeito até que você se apaixone por essa pessoa;

Eu aprendi...
...que a vida é dura, mas eu sou mais ainda;

Eu aprendi...
...que as oportunidades nunca são perdidas; alguém vai aproveitar as que você perdeu.

Eu aprendi...
...que quando o ancoradouro se torna amargo a felicidade vai aportar em outro lugar;

Eu aprendi...
...que não posso escolher como me sinto, mas posso escolher o que fazer a respeito;

Eu aprendi...
...que todos querem viver no topo da montanha, mas toda felicidade e crescimento ocorre quando você esta escalando-a;

Eu aprendi...
...que quanto menos tempo tenho, mais coisas consigo fazer.
(Boa noite , Amor )

William Shakespeare

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Secretaria de Estado da Educação e da Cultura – SEEC define Calendário Letivo para o ano de 2011






Janeayre Souto*



Com a publicação da portaria do Secretário de Estado da
Educação e da Cultura, Otávio Tavares, autorizando aos diretores das DIRED’s há
planejarem o ano letivo de 2011, junto as Secretarias Municipais de Educação do
nosso estado.



Essa portaria orienta que todos os passos sejam dados em
parceria a Matrícula e o início do Ana Letivo.



A proposta definida hoje por Otávio Tavares, Secretário de
Estado da Educação e da Cultura é de que a Semana Pedagógica aconteça de 07 a
11 de fevereiro de 2011 e o Ano Letivo será iniciado no dia 14 de fevereiro.



Com essa decisão tomada nesta quarta-feira (17), a Secretaria
de Estado da Educação e da Cultura, elimina o trabalho em dia de sábado e planeja o
termino do Ano Letivo para ocorrer dentro do ano de 2011.



*Janeayre Souto, é diretora de Organização do SINTE

PROFESSOR CONECTADO

Segunda Etapa do Projeto Professor Conectado será dia 30 de novembro







O projeto "Professor
Conectado", que consiste em criar e socializar a utilização das novas
tecnologias digitais nas escolas da rede estadual. Depois da entrega, o Governo
do Estado garantirá o acesso à internet e, posteriormente, disponibilizará
softwares específicos para o trabalho pedagógico. O objetivo do projeto é
oferecer condições para que os professores possam preparar melhor o conteúdo
das aulas aos estudantes da rede estadual de ensino.



O nosso Blog procurou saber
sobre a segunda etapa da entrega dos Notebooks. Entramos em Contato com a Subsecretária de Estado da Educação e da Cultura, Cátia Araújo

Lopes Muniz que nos informou que a segunda etapa para a
entrega de mais Notebooks está prevista para acontecer no dia 30 de novembro.



Nessa
etapa os equipamentos serão entregues aos professores
que estão em outras funções nas escolas, como os coordenadores pedagógicos,
regentes de bibliotecas, diretores e vice-diretores, por exemplo.



Essa segunda etapa
contemplará também todos os professores que estavam de licença (Prêmio ou
Médica) ou afastados de sala de aula por outro motivo e que retornarem as salas
de aula até o dia 29 de novembro.



A primeira etapa de entrega dos equipamentos aos professores
aconteceu no dia 17 de setembro, nessa etapa a SEEC contemplou todos os educadores
das escolas estaduais que estão atuando em sala de aula.

[+] Mais EDUCAÇÃO


16/11/2010-Cobramos da atual Gestão da Secretaria de Estado da Educação e da Cultura, maior compromisso com o “Ensino Médio Inovador”
15/11/2010-Segunda Etapa do Projeto Professor Conectado será dia 30 de novembro
08/11/2010-Haddad enfrenta a batalha do ENEM em defesa dos pobres
07/11/2010-Assinado decreto que regulamenta programa de educação no campo
07/11/2010-Desafios para o governo Dilma
03/11/2010-Síndrome de Burn Out é a terceira maior causa de afastamento do trabalho
27/10/2010-Cartilha de conselho orienta sobre bullying
26/10/2010-Ensino Fundamental só para maiores de 6 anos
26/10/2010-SEARH publica retificação de aposentadorias dos trabalhadores em educação
24/10/2010-Após 2 anos, lei do piso salarial para professores da rede pública não é aplicada, diz CNTE
24/10/2010-Professores reclamam de desvalorização e má condição de trabalho
18/10/2010-PROJETO DE POESIA DE FLORÂNIA É DESTAQUE NA TV ESCOLA
17/10/2010- EDUCAÇÃO: UM DOS PILARES PARA ACABAR COM AS DESIGUALDADES SOCIAIS
15/10/2010-A vida do PROFESSOR - Em literatura de Cordel
12/10/2010-Verbas para a educação infantil possibilitam maior desenvolvimento para o Brasil

FONTE:janeayresouto.com.br

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

ASAS PARA VOAR

Uma águia empurrou gentilmente seus filhotes para a beirada do ninho.
O seu coração acelerou com emoções contraditórias, ao mesmo tempo que sentiu a resistência dos filhotes.

Por que será que a emoção de voar tem que começar com o medo de cair? Pensou ela.

O ninho estava colocado bem no alto de um pico rochoso.

Abaixo, somente o abismo e o ar para sustentar as asas dos filhotes.

E, se justamente agora, isto não funcionar? Pensou ela.

Apesar do medo, a águia sabia que aquele era o momento.

A sua missão estava prestes a completar-se, restava ainda uma tarefa final: o empurrão.

A águia encheu-se de coragem.

Enquanto os filhotes não descobrirem as suas asas não haverá propósito para a sua vida.

Enquanto eles não aprenderem a voar não compreenderão o privilégio que é nascer águia.

O empurrão era o melhor presente que ela podia oferecer-lhes.

Era seu supremo ato de amor.

Então, um a um, ela precipitou-os para o abismo.

E eles voaram!

Às vezes, nas nossas vidas, as circunstâncias fazem o papel de águia.

São elas que nos empurram para o abismo.

E quem sabe não são elas, as própria circunstâncias, que nos fazem descobrir que temos asas para voar.

Fonte: www.mayrink.g12.br

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA - 15 DE NOVEMBRO DE 1889

O processo histórico em que se desenvolveu o fim do regime monárquico brasileiro e a ascensão da ordem republicana no Brasil perpassa por uma série de transformações onde visualizamos a chegada dos militares ao poder. De fato, a proposta de um regime republicano já vivia uma longa história manifestada em diferentes revoltas onde a opção republicana dava seus primeiros sinais. Entre tantas tentativas de transformação, a Revolução Farroupilha (1835-1845) foi a última a levantar-se contra a monarquia.

Podemos destacar a importância do processo de industrialização e o crescimento da cafeicultura enquanto fatores de mudança sócio-econômica. As classes médias urbanas e os cafeicultores do Oeste paulista buscavam ampliar sua participação política através de uma nova forma de governo. Ao mesmo tempo, os militares que saíram vitoriosos da Guerra do Paraguai se aproximaram do pensamento positivista, defensor de um governo republicano centralizado.

Além dessa demanda por transformação política, devemos também destacar como a campanha abolicionista começou a divulgar uma forte propaganda contra o regime monárquico. Vários entusiastas da causa abolicionista relacionavam os entraves do desenvolvimento nacional às desigualdades de um tipo de relação de trabalho legitimado pelas mãos de Dom Pedro II. Dessa forma, o fim da monarquia era uma opção viável para muitos daqueles que combatiam a mão-de-obra escrava.

Até aqui podemos ver que os mais proeminentes intelectuais e mais importantes membros da elite agro-exportadora nacional não mais apoiavam a monarquia. Essa perda de sustentação política pode ser ainda explicada com as conseqüências de duas leis que merecem destaque. Em 1850, a lei Eusébio de Queiroz proibiu a tráfico de escravos, encarecendo o uso desse tipo de força de trabalho. Naquele mesmo ano, a Lei de Terras preservava a economia nas mãos dos grandes proprietários de terra.

O conjunto dessas transformações ganhou maior força a partir de 1870. Naquele ano, os republicanos se organizaram em um partido e publicaram suas idéias no Manifesto Republicano. Naquela altura, os militares se mobilizaram contra os poderes amplos do imperador e, pouco depois, a Igreja se voltou contra a monarquia depois de ter suas medidas contra a presença de maçons na Igreja anuladas pelos poderes concedidos ao rei.

No ano de 1888, a abolição da escravidão promovida pelas mãos da princesa Isabel deu o último suspiro à Monarquia Brasileira. O latifúndio e a sociedade escravista que justificavam a presença de um imperador enérgico e autoritário, não faziam mais sentido às novas feições da sociedade brasileira do século XIX. Os clubes republicanos já se espalhavam em todo o país e naquela mesma época diversos boatos davam conta sobre a intenção de Dom Pedro II em reconfigurar os quadros da Guarda Nacional.

A ameaça de deposição e mudança dentro do exército serviu de motivação suficiente para que o Marechal Deodoro da Fonseca agrupasse as tropas do Rio de Janeiro e invadisse o Ministério da Guerra. Segundo alguns relatos, os militares pretendiam inicialmente exigir somente a mudança do Ministro da Guerra. No entanto, a ameaça militar foi suficiente para dissolver o gabinete imperial e proclamar a República.

O golpe militar promovido em 15 de novembro de 1889 foi reafirmado com a proclamação civil de integrantes do Partido Republicano, na Câmara dos Vereadores do Rio de Janeiro. Ao contrário do que aparentou, a proclamação foi conseqüência de um governo que não mais possuía base de sustentação política e não contou com intensa participação popular. Conforme salientado pelo ministro Aristides Lobo, a proclamação ocorreu às vistas de um povo que assistiu tudo de forma bestializada.

Por Rainer Sousa
Graduado em História
Equipe Brasil Escola

EDUCAÇÃO

20h29 -DPU vai se juntar ao MPF em ação que pede suspensão do Enem
19h50 -MPF pede informações sobre falhas do Enem ao Inep
18h56 -Juntos, serviços da DPU e das UNE/Ubes somam 4. 206 reclamações do Enem 2010 até esta 4ª
18h15 -Defensoria Pública vai entrar como co-autora em ação contra o Enem
18h15 -Defensoria Pública vai entrar como coautora em ação contra o Enem
17h34 -Apenas 5% do total de formandos no Brasil são engenheiros
17h34 -Secretários de Educação defendem manutenção do Enem
17h32 -Em meio à indefinição sobre Enem, candidatos devem manter foco nos estudos
17h05 -Ameaça de massacre fecha 300 escolas em Miami
16h53 -AGU envia amanhã à Justiça do Ceará informações sobre o Enem
16h45 -Estudantes cobram uma resposta sobre a indefinição do Enem
16h39 -Estudantes cobram resposta sobre indefinição do Enem
16h00 -Em Moçambique, Lula muda o tom sobre falhas no Enem; ouça correspondente
15h45 -Estudantes entram em choque com a polícia em protesto em Londres
15h02 -Opinião: chance de Haddad ficar no governo é quase zero
14h40 -Candidatos que mandaram mensagens eletrônicas durante Enem serão eliminados, diz MEC
13h22 -Comissão da Câmara recebe Haddad na próxima semana para explicar falhas do Enem
12h53 -Mãe de santo invade escola e briga com estudantes
12h33 -Polícia Federal diz que ainda não há indícios de vazamento da prova do Enem
12h33 -Mais de 30 mil universitários vão às ruas de Londres contra aumento de mensalidades
12h21 -Medicina da UFTM 2011 tem 3.608 inscritos; veja concorrência completa
12h10 -Professora é suspeita de agredir alunos em escola de SP
12h02 -Psicólogo diz que indefinição sobre provas do Enem deixa estudantes ansiosos
11h42 -USP discute modificar eleição para reitor
11h37 -Fuvest 2011: a concorrência para o seu curso subiu?
11h36 -UFJF prorroga inscrições do vestibular 2011 até 19 de novembro
11h23 -Moçambique: Lula volta a defender Enem, mas diz que prova pode ser refeita
11h05 -Lula: falha no Enem não tirará ninguém da universidade
11h03 -Denúncia de estupro coletivo em escola causa polêmica na África do Sul
10h05 -Fuvest divulga relação candidato/vaga; medicina é o curso mais concorrido

FONTE: UOL EDUCAÇÃO

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

ESCREVER É COMPROMETER-SE

A palavra texto significa "tecido". Com efeito, o texto é um tecido composto de palavras que se reúnem em frases, períodos e parágrafos. Mas antes de assumir essa forma, o texto começa na mente de quem vai escrevê-lo.

Aí é que reside o grande problema do ensino de "redação": Ensinam-se técnicas, macetes, dicas, truques, fórmulas pré-fabricadas de textos, esquemas, roteiros etc., mas não se ensina a pensar.

Tem sido comum, nas aulas de redação, a prática de sugerir aos alunos que escrevam sobre um assunto em relação ao qual, na maioria das vezes, não têm sequer afinidade ou aproximação com suas experiências de vida. A essa prática não se agrega um componente fundamental que é o de levar os alunos a se debruçarem sobre a questão proposta, a discutirem a matéria, a questioná-la, a enxergá-la de diversas facetas.

Em outras palavras, os alunos não são levados a pensar sobre o assunto; não se propõe uma discussão na qual possam expor o que pensam relativamente à questão. As aulas de redação têm sido momentos enfadonhos dos quais os alunos participam mais para se verem livres da tarefa do que para terem a oportunidade de exteriorizar suas opiniões; mais para receberem notas do que para assumirem um compromisso intelectual.

No entanto, "o escrever" é comprometer-se intelectualmente; é assumir antes um compromisso com você mesmo diante do que pensa sobre o assunto, sobre aquilo em que acredita, sobre aquilo que forma seu conjunto de valores e concepções do mundo. Escrever é conhecer-se; como dizia Clarice Lispector, "é lembrar-se do que nunca existiu"; e, segundo Roland Barthes, "é espantar-se".

Espantamo-nos à medida que conhecemos um pouco mais sobre nós mesmos, sobre o que nos impulsiona, sobre o que nos mantém ligados à existência etc.

Mas nada disso parece merecer a atenção de nossos alunos e professores, que se encontram num ensino de redação cujo foco consiste em distanciar cada vez mais os alunos de constituírem os sujeitos de seu próprio dizer, de seu próprio texto, que se assenta em experiências de vida, pessoal e intransferível.

Daí o medo da ‘folha em branco’, dos bloqueios que costumam vir associados ao ato de escrever. Porque o escrever, na maior parte das vezes, esteve ligado a um ato que gerou mais frustração do que prazer, que causou mais traumas que benefícios, que serviu mais para aferir a correção gramatical do que para aferir a capacidade de organização textual-discursiva, que sempre esteve associado mais a um dom de poucos do que a uma habilidade que todos podem adquirir.

O escrever sempre gerou medo. Temos medo de escrever porque não sabemos pensar. Porque à proporção que o ensino nos levava a não pensar, nos levava também a ter medo de escrever. E escrever, dentro dessa concepção, pressupunha conhecer as regras gramaticais, que o ensino também não nos ensinava. Somos um misto de sem-língua, sem-texto, sem-escrita, sem-pensamento com outra porção bem grande de com-medo, com-frustração, com-bloqueios. O resultado, como se vê, não é nada animador.

Devemos mudar o foco de nossas aulas de redação alterando as estratégias, transformando o ‘medo de escrever’ em ‘prazer de escrever’. Quando há prazer, tudo fica mais fácil; é mais gostoso, não percebemos o passar das horas, nos sentimos superbem, ficamos de bem com a vida. É hora de ficarmos de bem com o ato de escrever, conferindo-lhe prazer e não o medo.

Sérgio Simka
Professor universitário e autor de Ensino de Língua Portuguesa e Dominação: por que não se aprende português?


Fonte: www.moderna.com.br

EM DEFESA DO PLANETA

A humanidade acordou para a necessidade de preservar o meio ambiente e impedir a destruição da própria espécie.

Conheça aqui histórias de escolas que já estão ajudando os alunos a mudar de atitude para se transformar em cidadãos mais conscientes



Mudar atitudes e diminuir o impacto negativo do homem na natureza: papel da
Educação Ambiental

Aquecimento global, degelo das calotas polares, reciclagem, calor e frio em excesso, água em falta. Nunca os temas ambientais ocuparam tanto espaço na mídia e nas discussões em todos os lugares - das universidades às ONGs, dos ambientes de trabalho às escolas.

A palavra de ordem é diminuir os impactos negativos do ser humano sobre o mundo.

Como?

Mudando atitudes pessoais e coletivas para salvar o mundo da ameaça (cada vez mais real) de colapso.A boa notícia é que já há muitos professores desenvolvendo essa mentalidade. Trabalhando com consistência e continuidade e usando conceitos de Educação Ambiental, eles estão ajudando suas turmas a formar uma cultura de defesa do planeta, envolvendo as comunidades nesse processo de reflexão, atraindo colegas de outras áreas em tarefas multidisciplinares e, assim, construindo novos jeitos de se relacionar com a realidade à sua volta.Nesta reportagem, você vai conhecer cinco experiências (feitas nos estados de São Paulo, Bahia, Pará e Santa Catarina) que podem inspirar a realização de atividades para ajudar a melhorar a relação com a natureza.

Todas elas têm em comum o fato de trilharem caminhos na direção do que a educadora ambiental Isabel Cristina de Moura Carvalho, da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, no Rio Grande do Sul, chama de formação do "sujeito ecológico" - nome usado para definir o que seria o modelo ideal de um ser humano "que tem e dissemina valores éticos, atitudes e comportamentos ecologicamente orientados".

O primeiro passo para trabalhar bem a Educação Ambiental é criar, na escola, um ambiente capaz de envolver os professores de todas as disciplinas (e não só os de Ciências e Geografia, que normalmente "tomam posse"do tema) e também a comunidade."Não dá para tratar só das questões de natureza. Qualquer trabalho deve incluir a relação com a cidade e seus moradores", diz Isabel Carvalho.

Na EM Malê Debalê, em Salvador, essa ligação surgiu porque a escola fica ao lado da lagoa do Abaeté. A equipe articulou diversos conteúdos e criou uma cultura de trabalhar a questão ambiental todos os dias, com as classes de Educação Infantil e nas séries iniciais do Ensino Fundamental (leia mais no quadro da página ao lado). As crianças se acostumaram a realizar tarefas de iniciação científica (como observação para entender fenômenos da natureza, em estudos do meio) e passaram a entender como se dão as interferências do ser humano na paisagem.

Já a professora Elielza Silva Prata, da EM Maria Flora Guimarães, em Benevides, no interior do Pará, deu mais ênfase à interação com a comunidade ao iniciar um longo projeto de Educação Ambiental (leia mais no quadro à direita). Para conscientizar os moradores sobre a importância de preservar a água (numa região ribeirinha), ela convidou pesquisadores e especialistas e abriu a sala de aula para a participação de todos num debate amplo sobre a realidade local. "A experiência é muito rica porque se baseia nas necessidades cotidianas da população e as insere na ação pedagógica", afirma a bióloga Maria de Jesus da Conceição Ferreira Fonseca, coordenadora do Núcleo de Estudos em Educação Científica, Ambiental e Práticas Sociais da Universidade do Estado do Pará.

Objetivos de longo prazo

Os especialistas ouvidos por NOVA ESCOLA são unânimes em afirmar que a Educação Ambiental deve ter objetivos de longo prazo. Promover uma festa pelo Dia da Água pode até ser interessante ou divertido para as crianças, mas é pouco. A comemoração, dizem esses professores, não pode ser o objetivo fim, mas um meio para compartilhar os conhecimentos.

O mesmo vale para atividades simbólicas, como plantar árvores. Muito mais importante do que a ação em si é explorar com os alunos como o desmatamento afeta a vida em sua cidade, por exemplo. "Assim, eles vão perceber que o plantio das mudas é só uma pequena parte do que é preciso fazer para restaurar nossas matas", explica Sueli Furlan, professora da Universidade de São Paulo e selecionadora do Prêmio Victor Civita Educador Nota 10.

"E vão entender que esse é um trabalho para a vida toda, não se resume a iniciativas pontuais."

Da mesma forma, de nada adianta montar uma horta e depois não mantê-la. Ou separar o lixo na escola e depois não ter como dar fim a ele.

"Não é difícil perceber que mais importante do que sugerir um projeto de coleta seletiva localizado é pensar numa campanha para pressionar vereadores a organizar melhor todo o trabalho de coleta na cidade"

Exemplifica Sueli.

Em Balneário Camboriú, no litoral de Santa Catarina, o trabalho contínuo de Educação Ambiental na rede municipal vem dando cada vez mais resultados.

Desde 1999, a prefeitura investe na capacitação de professores e no desenvolvimento de projetos de médio e longo prazo.Graças à experiência dos anos anteriores, a EM Jardim Iate Clube consegue fazer da reciclagem uma realidade para toda a equipe de alunos e professores (leia mais sobre a experiência no quadro à direita).

O trabalho funciona bem, entre outras coisas, porque tem a efetiva participação de outras instituições da sociedade civil. Aliás, foram essas organizações que criaram o movimento ambientalista e acabaram por chamar a atenção de toda a sociedade para a importância de defender a natureza. Em muitos casos, foram justamente as ONGs que criaram atividades para usar em sala de aula (leia mais no quadro abaixo).

A pedagoga Patrícia Otero, especialista em meio ambiente e diretora do 5 Elementos, que atua no setor há dez anos, dá um exemplo de como inserir temas ambientais em classe. "Não basta trabalhar só as informações encontradas na mídia", diz."É preciso descobrir meios de associar esse conhecimento à realidade local e entender como a comunidade lida com a questão da água. Ao aprofundar-se no tema, os jovens vão conseguir propor reflexões e ações positivas."

Ação integrada à comunidade

Entender a realidade e atuar para transformá-la. Foi exatamente isso que os estudantes da EMEF Teófilo Benedito Ottoni, em São Paulo, fizeram. A escola fica junto a uma área remanescente de mata Atlântica e, quatro anos atrás, associou-se a outros agentes da sociedade civil para lutar contra a derrubada das árvores para a construção de prédios. A mobilização levou os jovens a participar de protestos e escrever cartas para as autoridades.

O resultado

O local acabou transformado num parque.

"As escolas são espaços privilegiados de formação e a Educação Ambiental é a forma de interagir diretamente com a comunidade e operar mudanças na sociedade"

Diz a antropóloga Lucila Pinsard Vianna, coordenadora da Câmara Técnica de Educação Ambiental do Comitê de Bacias do Litoral Norte de São Paulo (leia mais no quadro à esquerda).

Batalhar por melhorias na infra-estrutura do bairro, promover palestras e convocar as famílias, as associações de moradores e os representantes de sindicatos e outras associações para debater os problemas e as possíveis soluções são outras formas eficientes de envolver os alunos em atividades que certamente ficarão marcadas na vida deles.

Na EE Professora Josepha de Sant'Anna Neves, em São Sebastião, no litoral paulista, a questão ecológica ganhou tanto espaço que a escola se tornou uma referência de qualidade na região. Tudo porque a equipe vem atuando há vários anos (e de forma coordenada) para promover reformas nas instalações e manter hortas e jardins sempre muito bem cuidados (leia mais no quadro acima).

Você faz a diferença

Formar "sujeitos ecológicos" é isto: levar para a sala de aula temas da atualidade e tratá-los de forma transdisciplinar em projetos duradouros que mexam com a comunidade.

Um levantamento feito pelo Ministério da Educação revela que, quando isso acontece, alunos e professores fortalecem seus relacionamentos e passam a cuidar do ambiente escolar e a se interessar pelo que acontece fora dele (mostram a parentes, vizinhos e amigos que todos fazemos parte do planeta).

Além disso, as experiências relatadas aqui funcionaram bem porque em todas houve a participação essencial de um personagem: você, professor. "Segundo nossa pesquisa, quando os docentes assumem seu papel de líderes, eles contagiam os colegas e esse idealismo seduz os alunos a participar dos projetos", resume Rachel Trajber, coordenadora de Educação Ambiental do MEC.

O apoio da sociedade civil

As ONGs têm um papel importante no debate ambiental, dentro e fora das escolas, fortalecendo principalmente a Educação não formal por meio de campanhas na mídia e da criação de materiais paradidáticos e atividades para alunos de todas as séries.

O Instituto Mamirauá (com sede em Tefé, na região do Alto Rio Negro, no Amazonas) já está no quarto curso de Educação Ambiental voltado para professores da rede pública (cerca de 60 escolas são atendidas, num local onde há poucas opções de formação para os docentes).

A ONG também discute com o Estado a formação de uma política pública para o tema. Em São Paulo, o Instituto Verdescola auxilia no planejamento de cinco instituições públicas de ensino e uma particular. Além de capacitação para professores, funcionários e pais, a ONG acompanha essas escolas durante o ano inteiro, participando da construção de projetos.

Biólogos e pedagogos também dão aulas temáticas dentro da própria grade curricular.

Fonte: revistaescola.abril.com.br

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

SONETO DE FIDELIDADE

De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinícius de Moraes

MOTIVO

Motivo


Eu canto porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta.


Irmão das coisas fugidias,
não sinto gozo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.


Se desmorono ou se edifico,
se permaneço ou me desfaço,
— não sei, não sei. Não sei se fico
ou passo.


Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
— mais nada.
Cecília Meireles

APRENDER SEMPRE

Era uma vez um tempo em que as pessoas gastavam uma dúzia de anos na formação básica, mais metade disso numa faculdade — quando chegavam lá — e pronto, não precisavam estudar mais. Cada um começava uma carreira profissional para os 30 ou 40 anos seguintes. Esse tempo se acabou. Nunca houve tanta informação, tão rápida e tão disponível para tanta gente. Depois da internet, nos tornamos seres "informívoros".

Nesse admirável mundo que cabe na tela do computador, mesmo as instituições mais enraizadas sofreram abalos. "Antigamente a escola tinha a oferecer toda uma bagagem de conhecimentos que não podia ser adquirida de outra forma. Representava um valor único, não só do ponto de vista dos conteúdos, mas também de ascensão social", analisa Bruno Dallari, especialista em Ciência da Cognição do Departamento de Lingüística da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. "Hoje ela perdeu esse lugar e não pode mais repousar na especificidade de conhecimentos que só seriam conquistados lá."

Se a escola mudou, os alunos também. "O jovem de hoje é mais curioso e interessado do que o de antigamente, não desinteressado, como muitos dizem. Por ser menos ingênuo, ele questiona o professor. A maior oferta de informação também faz com que ele crie um percurso próprio na aquisição do conhecimento", afirma Dallari.

Espaço de improviso

Se a escola e os alunos mudaram, muitos professores seguem o mesmo caminho. Ana Rosa Abreu, que esteve à frente dos Parâmetros em Ação, do Ministério da Educação, compara o professor a um músico de jazz, que precisa saber improvisar. Mas destaca: só faz isso bem quem tem respaldo de estudo, leitura e planejamento e consegue trabalhar coletivamente. "Quanto mais o professor tematiza com seus colegas o que acontece na sala de aula, mais tem condições de lidar com questões inesperadas. Quando esses grupos se solidificam, muda a lógica interna. Por isso o ideal é trazer questões, não saber tudo. Só assim se cria a noção de que todos aprendem."

Um processo lento

Ana Claudia Rocha, coordenadora de projetos institucionais do Museu de Arte Moderna de São Paulo e consultora pedagógica do Sesi, trabalha com capacitação de professores em redes municipais há dez anos. Para ela, a formação continuada só se torna eficiente quando é permanente. "No primeiro ano não é possível enxergar nada de novo. Em São Caetano do Sul, por exemplo, 650 educadores da rede vêm se capacitando há seis anos e só agora vemos resultados expressivos, pois eles estão mudando de fato sua prática", destaca.

Para exemplificar a lentidão desse processo ela costuma usar dois textos escritos pela mesma professora sobre o dia-a-dia da sala de aula. A evolução na capacidade de escrever, na solidez dos conceitos e na gama de soluções é evidente de um texto para outro. O segundo parece até obra de outra pessoa. Uma aprendizagem que durou cinco anos. "A maioria das pessoas acha que a mudança se dá em oito meses, um ano, no máximo dois anos. Doce ilusão", diz Ana Claudia.

Ou seja, os próprios professores esperam de si uma competência impossível de ser alcançada a curto prazo. Junte problemas na formação inicial, a insegurança natural na hora de testar novos caminhos e descontinuidades administrativas para perceber que não é numa imersão de fim de semana que o professor renova sua prática.

As teorias construtivistas da aprendizagem mostram que o conhecimento consiste numa reestruturação de saberes anteriores, mais que na substituição de conceitos por outros. A passagem de uma didática centrada na transmissão do conhecimento para outra baseada na sua construção não nasce de um dia para o outro.

Por isso, tão importante quanto formar um grupo na escola e começar a estudar é aliar paciência e persistência. Até porque não há razão para ter pressa quando entramos numa estrada que nunca termina

Fonte: www.novaescola.com.br

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

recado para orkut

RecadosOnline
Recados para Orkut

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VERDADES DA PROFISSÃO DE PROFESSOR

Verdades da Profissão de Professor

Ninguém nega o valor da educação e que um bom professor é imprescindível. Mas, ainda que desejem bons professores para seus filhos, poucos pais desejam que seus filhos sejam professores. Isso nos mostra o reconhecimento que o trabalho de educar é duro, difícil e necessário, mas que permitimos que esses profissionais continuem sendo desvalorizados. Apesar de mal remunerados, com baixo prestígio social e responsabilizados pelo fracasso da educação, grande parte resiste e continua apaixonada pelo seu trabalho.

A data é um convite para que todos, pais, alunos, sociedade, repensemos nossos papéis e nossas atitudes, pois com elas demonstramos o compromisso com a educação que queremos. Aos professores, fica o convite para que não descuidem de sua missão de educar, nem desanimem diante dos desafios, nem deixem de educar as pessoas para serem “águias” e não apenas “galinhas”. Pois, se a educação sozinha não transforma a sociedade, sem ela, tampouco, a sociedade muda.
(Paulo Freire).

terça-feira, 5 de outubro de 2010

NANOTECNOLOGIA - O QUE É?

Quando algo é muito pequeno, costumamos usar o termo 'míni' para nos referir a ele, não é mesmo? Há, porém, coisas tão pequenas para as quais o termo 'míni' não dá conta. Por exemplo: um micróbio ou uma célula do seu corpo, você não consegue ver a olho nu. Daí, dizermos que essas coisas são 'micro', ou melhor, microscópicas, simplesmente porque elas não poderiam ser vistas sem o uso de um microscópio. Pois há coisas descobertas recentemente pelos cientistas que são menores do que 'micro'. Estruturas tão pequenas que são chamadas de 'nano' e que só podem ser vistas com o auxílio de um aparelho muito mais sofisticado: o nanoscópio.

Pode ser que, no futuro, os cientistas construam, com essas estruturas, máquinas um bilhão de vezes menores que um grão de arroz e as façam circular pelo nosso corpo, para entender ainda melhor o funcionamento de nossas células e auxiliar na cura de doenças. É claro que essa história tem o maior jeito de filme de ficção científica, mas estruturas que são um bilionésimo de vezes menores que o milímetro já estão sendo estudadas! Elas têm nomes engraçados, como fulerenos e nanotubos. Você não gostaria de conhecê-las?

Antes de atravessarmos a fronteira para o mundo nanoscópico, é importante saber do que são feitas essas estruturas tão pequenas que estão desafiando a ciência... Pois são feitas de carbono! Este elemento existe na natureza na forma de dois velhos conhecidos nossos: o grafite e o diamante. O grafite é esse mesmo que você está imaginando: o do lápis. Ele é considerado a forma mais macia do carbono. Já o diamante é muito duro, sendo usado para riscar e cortar materiais como o vidro e também na fabricação de jóias.

A pergunta agora é: se esses dois materiais são feitos do mesmo elemento, o que faz um ser grafite e outro diamante? Resposta: a arrumação dos átomos! Mas você deve estar se perguntando "o que é átomo?". Veja: há cerca de 2500 anos, um filósofo grego chamado Demócrito disse que, se dividíssemos qualquer coisa em pedacinhos cada vez menores até que se chegasse a um ponto que o último pedacinho não pudesse mais ser dividido, chagaríamos ao átomo.

Em outras palavras, o átomo seria a menor porção, o menor pedacinho formador de qualquer matéria. No final do século 19, porém, um físico inglês chamado Joseph Thomson descobriu que o átomo também poderia se dividir. Com essa novidade, o átomo deixou de ser considerado a menor partícula indivisível formadora de qualquer matéria, mas continuou sendo a menor porção capaz de guardar todas as características de um elemento.

Tomemos essa explicação para o nosso caso: um átomo de carbono será sempre carbono, mas para formar qualquer estrutura é necessário um grupamento gigantesco de átomos. E aí está a diferença entre o grafite e o diamante: os dois são formados por carbono, mas a maneira como os átomos de carbono se agrupam originam um ou outro. Observe as formas de arrumação do carbono para formar o grafite e o diamante:



Arranjo dos átomos de carbono no diamante (a) e no grafite (b)

(gráficos: Nato Gomes)

Até 1985, as únicas formas conhecidas do carbono eram estas duas: grafite e diamante. Naquele ano, um grupo de cientistas que estava de olho no espaço pesquisando estrelas vermelhas -- um tipo formado essencialmente por carbono -- descobriu que os átomos de carbono podiam se organizar de

uma maneira diferente, que não resultava nem no grafite nem no diamante. Essas novas formas de carbono foram chamadas fulerenos.

O nome esquisito surgiu mais ou menos assim: um dos cientistas que participou da descoberta gostava muito das obras em estilo geométrico de um famoso arquiteto, chamado Richard Buckminster Fuller, e quis homenageá-lo. Daí, o nome em inglês fullerene colou, mesmo sob os protestos de outros cientistas que queriam que as novas formas de carbono fossem chamadas de... futebolenos! Veja a figura e entenda por quê!



Estrutura do fulereno (a) e de uma bola de futebol (b)

Alguém aí duvida de que os fulerenos se pareçam com uma bola de futebol?! A partir desta imagem, fica demonstrado que, apesar de serem feitos do mesmo elemento -- o carbono --, diamante, grafite e fulerenos têm estruturas distintas. Os dois primeiros a gente já sabe no que podem ser empregados, mas e essa nova descoberta?

Bem, até agora, sabe-se que os fulerenos podem ser dissolvidos em determinados solventes, coisa que não acontece com o grafite nem com o diamante. Portanto, a descoberta dos fulerenos é a descoberta de uma forma de carbono solúvel.

Fonte: www.uol.com.br

O QUE É NANOTECNOLOGIA?

Há mais de 2.500 anos, alguns filósofos gregos se perguntavam se a imensa variedade do mundo que nos cerca não pode ser reduzida a componentes mais simples. A própria palavra átomo vem daquele tempo e significa "indivisível". A última fração da matéria, segundo esses filósofos o "tijolo" fundamental de tudo o que existe, não poderia mais ser dividida em outras partes mais simples. Podemos fazer uma comparação elementar, apenas para fins didáticos. Em uma padaria, você encontra uma grande variedade de pães, bolos, biscoitos, tortas, todos produzidos a partir de um pequeno número de ingredientes: farinha, fermento, manteiga, óleo, açúcar, chocolate etc... Muitas vezes, os ingredientes de pães diferentes são os mesmos, apenas mudam suas quantidades relativas e a forma de preparação. Da mesma maneira, quando olhamos o mundo a nossa volta, vemos uma variedade incrível de seres vivos e objetos inanimados, de um grão de areia a galáxia, de um vírus a uma baleia. Quantos tipos de "ingredientes" diferentes são necessários para produzir esse mundo?

Entre os gregos e a nossa época, muito se aprendeu sobre o universo. Sabemos, hoje, que o mundo que nos é familiar é formado por átomos, não exatamente aqueles imaginados inicialmente, mas que com eles compartilham o papel de "tijolos" fundamentais. Aprendemos que, ao contrário do que diz seu nome, eles são, de fato, divisíveis (mas isto é uma história para outra ocasião). Os átomos são formados por um núcleo positivo, onde reside praticamente toda sua massa, e por elétrons, negativos, que circulam em torno do núcleo. Sabemos, também, que ocorrem naturalmente no universo apenas noventa e dois tipos de átomos diferentes. Estes tipos podem ser classificados pelo número de prótons (partículas sub-atômicas de carga elétrica positiva) contidos em seus núcleos. Sabemos ainda que esses átomos podem não ser o fim da história, pois pode haver no universo partículas ou alguma forma de energia ainda não descobertas - ou pode ser que nossas teorias sobre o universo precisem algum dia ser revisadas, se esses novos "ingredientes" não forem encontrados. Tudo isto é parte do mundo fascinante da pesquisa científica - cada pergunta respondida leva a novas perguntas. Em ciência, as respostas raramente são definitivas, mas as perguntas perduram.

A certeza científica de que tudo é feito de átomos é muito recente. Há apenas cerca de cem anos, os cientistas obtiveram evidências fortes de que a velha hipótese atômica, formulada há dois e meio milênios, corresponde à realidade da natureza. No decorrer do século XIX, os químicos foram, aos poucos se convencendo de que a melhor maneira de explicar quantitativamente reações químicas é supondo que essas se dão entre unidades bem definidas de cada composto. Alguns físicos, já quase no final do século XIX, formularam uma teoria "estatística" da matéria, na qual se busca explicar o comportamento dos corpos com os quais lidamos quotidianamente pelo comportamento dessas pequenas unidades "invisíveis" da matéria, os átomos e as moléculas (moléculas são átomos do mesmo tipo ou de tipos diferentes, fortemente ligados entre si, formando novas entidades, com propriedades físico-químicas distintas). Essas teorias foram recebidas, inicialmente, com grande ceticismo pela própria comunidade científica. Por que tanta dificuldade para aceitar uma idéia velha de milênios?

O problema é que átomos são muito pequenos, medem menos de um centésimo de bilionésimo de metro, e obedecem a leis físicas bastante diferentes daquelas com as quais estamos acostumados no nosso mundo familiar. O seu tamanho é tal que não podem ser vistos diretamente. Instrumentos especiais tiveram de ser desenvolvidos antes que fosse possível "ver" um átomo. Um dos mais práticos desses instrumentos, o microscópio de tunelamento, somente foi inventado na década de 1980. Seus inventores, Heinrich Rohrer e Gerd Binnig, dos laboratórios da IBM em Zürich, Suíça, ganharam o prêmio Nobel por seus trabalhos. O funcionamento desse microscópio depende das leis da mecânica quântica, que governam o comportamento dos átomos e moléculas. Portanto, a existência de átomos e as leis da natureza no mundo atômico tiveram de ser pacientemente descobertas a partir de experimentos especialmente concebidos. Este processo levou décadas e envolveu grandes cientistas.

Instrumentos como o microscópio de tunelamento e outros estendem nossa "visão" até tamanhos na faixa de bilionésimo de metro. Um bilionésimo de metro chama-se "nanômetro", da mesma forma que um milésimo de metro chama-se "milímetro". "Nano" é um prefixo que vem do grego antigo (ainda os gregos!) e significa "anão". Um bilionésimo de metro é muito pequeno. Imagine uma praia começando em Salvador, na Bahia, e indo até Natal, no Rio Grande do Norte. Pegue um grão de areia nesta praia. Pois bem, as dimensões desse grão de areia estão para o comprimento desta praia, como o nanômetro está para o metro. É algo muito difícil de imaginar. Mesmo cientistas que trabalham com átomos todos os dias, precisam de toda sua imaginação e muita prática para se familiarizar com quantidades tão pequenas.

Ainda antes dos cientistas desenvolverem instrumentos para ver e manipular átomos individuais, alguns pioneiros mais ousados se colocavam a pergunta: o que aconteceria se pudéssemos construir novos materiais, átomo a átomo, manipulando diretamente os tijolos básicos da matéria? Um desses pioneiros foi um dos maiores físicos do século XX: Richard Feynman. Feynman, desde jovem, era reconhecido como um tipo genial. Uma de suas invenções foi o primeiro uso de processadores paralelos do mundo. Em Los Alamos, na época do desenvolvimento da primeira bomba nuclear, havia a necessidade de se realizarem rapidamente cálculos muito complexos. Feynman, então, teve a idéia de dividir os cálculos em operações mais simples, que podiam ser realizadas simultaneamente, e encheu uma sala com jovens secretárias, cada qual operando uma máquina de calcular (naquela época não havia computadores, nem calculadoras eletrônicas, e as contas tinham de ser feitas à mão, ou com calculadoras mecânicas limitadas s mais simples operações aritméticas).

Hoje em dia, essa mesma idéia é usada em computadores de alto desempenho, com microprocessadores substituindo as jovens secretárias! Em 1959, em uma palestra no Instituto de Tecnologia da Califórnia, Feynman sugeriu que, em um futuro não muito distante, os engenheiros poderiam pegar átomos e colocá-los onde bem entendessem, desde que, é claro, não fossem violadas as leis da natureza. Com isso, materiais com propriedades inteiramente novas, poderiam ser criados. Esta palestra, intitulada "Há muito espaço lá embaixo" é, hoje, tomada como o ponto inicial da nanotecnologia. A idéia de Feynman é que não precisamos aceitar os materiais com que a natureza nos provê como os únicos possíveis no universo. Da mesma maneira que a humanidade aprendeu a manipular o barro para dele fazer tijolos e com esses construir casas, seria possível, segundo ele, manipular diretamente os átomos e a partir deles construir novos materiais que não ocorrem naturalmente. Um sonho? Talvez, há quarenta anos atrás. Mas, como o próprio Feynman dizia em sua conferência, nada, nesse sonho, viola as leis da natureza e, portanto, é apenas uma questão de conhecimento e tecnologia para torná-lo realidade. Hoje, qualquer toca-disco de CD's é uma prova da verdade do que Feynman dizia. Os materiais empregados na construção dos lasers desses toca-discos não ocorrem naturalmente, mas são fabricados pelo homem, camada atômica sobre camada atômica.

O objetivo da nanotecnologia, seguindo a proposta de Feynman, é o de criar novos materiais e desenvolver novos produtos e processos baseados na crescente capacidade da tecnologia moderna de ver e manipular átomos e moléculas. Os países desenvolvidos investem muito dinheiro na nanotecnologia. Mais de dois bilhões de dólares por ano, se somarmos os investimentos dos Estados Unidos, Japão e União Européia. Países como Coréia do Sul e Taiwan, que têm sido muito melhor sucedidos que o Brasil na utilização de tecnologias modernas para gerar bons empregos e riquezas para seus cidadãos, também estão investindo centenas de milhões de dólares nessa área. nanotecnologia não é uma tecnologia específica, mas todo um conjunto de técnicas, baseadas na Física, na Química, na Biologia, na ciência e Engenharia de Materiais, e na Computação, que visam estender a capacidade humana de manipular a matéria até os limites do átomo. As aplicações possíveis incluem: aumentar espetacularmente a capacidade de armazenamento e processamento de dados dos computadores; criar novos mecanismos para entrega de medicamentos, mais seguros e menos prejudiciais ao paciente dos que os disponíveis hoje; criar materiais mais leves e mais resistentes do que metais e plásticos, para prédios, automóveis, aviões; e muito mais inovações em desenvolvimento ou que ainda não foram sequer imaginadas. Economia de energia, proteção ao meio ambiente, menor uso de matérias primas escassas, são possibilidades muito concretas dos desenvolvimentos em nanotecnologia que estão ocorrendo hoje e podem ser antevistos.

No Brasil, a nanotecnologia ainda está começando. Mas, já há resultados importantes. Por exemplo, um grupo de pesquisadores da Embrapa, liderados pelo Dr. L. H. Mattoso, desenvolveu uma "língua eletrônica", um dispositivo que combina sensores químicos de espessura nanométrica, com um sofisticado programa de computador para detectar sabores. A língua eletrônica da Embrapa, que ganhou prêmios e está patenteada, é mais sensível do que a própria língua humana. Ela é um produto nanotecnológico, pois depende para seu funcionamento da capacidade dos cientistas de sintetizar (criar) novos materiais e de organizá-los, camada molecular por camada molecular, em um sensor que reage eletricamente a diferentes produtos químicos. Você pode imaginar alguns usos para uma língua eletrônica?

Aplicações em catálise - isto é, na química e na petroquímica, em entrega de medicamentos, em sensores, em materiais magnéticos, em computação quântica, são alguns exemplos da nanotecnologia sendo desenvolvida no Brasil. O que precisamos agora é aprender a transformar todo este conhecimento em riquezas para o país.

A nanotecnologia é extremamente importante para o Brasil, por que a indústria brasileira terá de competir internacionalmente com novos produtos para que a economia do país se recupere e retome o crescimento econômico. Esta competição somente será bem sucedida com produtos e processos inovadores, que se comparem aos melhores que a indústria internacional oferece. Isto significa que o conteúdo tecnológico dos produtos ofertados pela indústria brasileira terá de crescer substancialmente nos próximos anos e que a força de trabalho do país terá de receber um nível de educação em ciência e Tecnologia muito mais elevado do que o de hoje. Este é um grande desafio para todos nós.

Fonte: www.conciencia.com.br

sábado, 2 de outubro de 2010

SAIBA MAIS-Eleições gerais do Brasil

SAIBA MAIS-Eleições gerais do Brasil
BRASÍLIA (Reuters) - O país irá às urnas no domingo para escolher, entre outros cargos, o sucessor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, pela lei, é impedido de concorrer a um terceiro mandato.

Veja abaixo alguns fatos sobre a eleição de 3 de outubro:

* O pleito de domingo será a sexta votação direta para presidente desde o fim da ditadura militar, em 1985.

* A eleição será também a primeira que não terá Lula como candidato à Presidência desde o fim do regime militar.

* O voto é obrigatório para os brasileiros alfabetizados entre 18 e 70 anos de idade e facultativo para os jovens de 16 e 17 anos, para os maiores de 70 e para os analfabetos. Estão aptos a votar 135,8 milhões de cidadãos.

* Além de presidente, os eleitores elegerão os governadores de 26 Estados mais o Distrito Federal; 54 senadores; 513 deputados federais; e os deputados das assembleias legislativas estaduais e da câmara distrital.

* As sessões eleitorais ficarão abertas das 8h às 17h (considerando o horário local)

* A votação será feita em urnas eletrônicas

* Os primeiros resultados de boca-de-urna devem ser divulgados a partir das 18h.

* Depois disso, o Tribunal Superior Eleitoral deverá divulgar a apuração dos votos em tempo real.

* Caso um candidato a presidente ou governador não obtenha mais da metade dos votos válidos, os dois primeiros colocados se enfrentarão num segundo turno, no dia 31 de outubro.

(Por Raymond Colitt)

Fonte: msn notícias.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

BREVE HISTÓRIA DA CORRUPÇÃO NO BRASIL

Os primeiros registros de práticas de ilegalidade no Brasil, que temos registro, datam do século XVI no período da colonização portuguesa. O caso mais freqüente era de funcionários públicos, encarregados de fiscalizar o contrabando e outras transgressões contra a coroa portuguesa e ao invés de cumprirem suas funções, acabavam praticando o comércio ilegal de produtos brasileiros como pau-brasil, especiarias, tabaco, ouro e diamante. Cabe ressaltar que tais produtos somente poderiam ser comercializados com autorização especial do rei, mas acabavam nas mãos dos contrabandistas. Portugal por sua vez se furtava em resolver os assuntos ligados ao contrabando e a propina, pois estava mais interessado em manter os rendimentos significativos da camada aristocrática do que alimentar um sistema de empreendimentos produtivos através do controle dessas práticas.

Um segundo momento refere-se a extensa utilização da mão-de-obra escrava, na agricultura brasileira, na produção do açúcar. De 1580 até 1850 a escravidão foi considerada necessária e, mesmo com a proibição do tráfico, o governo brasileiro mantinha-se tolerante e conivente com os traficantes que burlavam a lei. Políticos, como o Marquês de Olinda e o então Ministro da Justiça Paulino José de Souza, estimulavam o tráfico ao comprarem escravos recém-chegados da África, usando-os em suas propriedades. Apesar das denúncias de autoridades internacionais ao governo brasileiro, de 1850 até a abolição da escravatura em 1888, pouco foi feito para coibir o tráfico. Isso advinha em parte pelos lucros, do suborno e da propina, que o tráfico negreiro gerava a todos os participantes, de tal forma que era preferível ao governo brasileiro ausentar-se de um controle eficaz. Uma fiscalização mais rigorosa foi gradualmente adotada com o compromisso de reconhecimento da independência do Brasil. Um dos países interessados em acabar com o tráfico escravo era a Inglaterra, movida pela preocupação com a concorrência brasileira às suas colônias açucareiras nas Antilhas.

Com a proclamação da independência em 1822 e a instauração do Brasil República, outras formas de corrupção, como a eleitoral e a de concessão de obras públicas, surgem no cenário nacional. A última estava ligada à obtenção de contratos junto ao governo para execução de obras públicas ou de concessões. O Visconde de Mauá, por exemplo, recebeu licença para a exploração de cabo submarino e a transferiu a uma companhia inglesa da qual se tornou diretor. Prática semelhante foi realizada por outro empresário brasileiro na concessão para a iluminação a gás da cidade do Rio de Janeiro, também transferida para uma companhia inglesa em troca de 120 mil libras. O fim do tráfico negreiro deslocou, na República, o interesse dos grupos oligárquicos para projetos de grande porte que permitiriam manter a estrutura de ganho fácil.

A corrupção eleitoral é um capítulo singular na história brasileira. Deve-se considerar que a participação na política representa uma forma de enriquecimento fácil e rápido, muitas vezes de não realização dos compromissos feitos durante as campanhas eleitorais, de influência e sujeição aos grupos econômicos dominantes no país (salvo raras exceções). No Brasil Império, 1822-1889, o alistamento de eleitores era feito a partir de critérios diversificados, pois somente quem possuísse uma determinada renda mínima poderia participar do processo. A aceitação dos futuros eleitores dava-se a partir de uma listagem elaborada e examinada por uma comissão que também julgava os casos declarados suspeitos. Enfim, havia liberdade para se considerar eleitor quem fosse de interesse da própria comissão. A partir disso ocorria o processo eleitoral, sendo que os agentes eleitorais deveriam apenas verificar a identidade dos cidadãos que constava na lista previamente formulada e aceita pela comissão.

Com a República, proclamada em 1889, o voto de “cabresto” foi a marca registrada no período. O proprietário de latifúndio apelidado de “coronel” impunha coercitivamente o voto desejado aos seus empregados, agregados e dependentes. Outra forma constante de eleger o candidato era o voto comprado, ou seja, uma transação comercial onde o eleitor “vendia” o voto ao empregador. A forma mais pitoresca relatada no período foi o voto pelo par de sapatos. No dia da eleição o votante ganhava um pé do sapato e somente após a apuração das urnas o coronel entregava o outro pé. Caso o candidato não ganhasse o eleitor ficaria sem o produto completo. Deve-se considerar que a maior parte das cidades não possuía número de empregos suficiente que pudessem atender a oferta de trabalhadores, portanto a sobrevivência econômica do eleitor/empregado estava atrelada a sujeição das vontades do coronel.

Outro registro peculiar desse período é o “sistema de degolas” orquestrado por governadores que manipulavam as eleições para deputado federal a fim de garantir o apoio ao presidente, no caso Campos Sales (presidente do Brasil de 1898 a 1902). Os deputados eleitos contra a vontade do governo eram simplesmente excluídos das listas ou “degolados” pelas comissões responsáveis pelo reconhecimento das atas de apuração eleitoral. Todos os governos, até 1930, praticavam degolas.

Uma outra prática eleitoral inusitada ocorreu em 1929, durante as disputas eleitorais à presidência entre os candidatos Júlio Prestes (representante das oligarquias cafeicultoras paulistas) e Getúlio Vargas (agregava os grupos insatisfeitos com o domínio das oligarquias tradicionais). O primeiro venceu obtendo 1 milhão e 100 mil votos e o segundo 737 mil. Entretanto os interesses do grupo que apoiava Getúlio Vargas, acrescido da crise da Bolsa de Nova York, que levou à falência vários fazendeiros, resultou numa reviravolta do pleito eleitoral. Sob acusações de fraude eleitoral, por parte da aliança liberal que apoiava o candidato derrotado, e da mobilização popular (Revolução de 30), Getúlio Vargas tomou posse como presidente do país em 1930. Talvez essa tenha sido uma das mais expressivas violações dos princípios democráticos no país onde a fraude eleitoral serviu para a tomada de poder.

Durante as campanhas eleitorais de 1950, um caso tornou-se famoso e até hoje faz parte do anedotário da política nacional: a “caixinha do Adhemar”. Adhemar de Barros, político paulista, era conhecido como “um fazedor de obras”, seu lema era “Rouba, mas faz!”. A caixinha era uma forma de arrecadação de dinheiro e de troca de favores. A transação era feita entre os bicheiros, fornecedores, empresários e empreiteiros que desejavam algum benefício do político. Essa prática permitiu tanto o enriquecimento pessoal, para se ter uma idéia, em casa, Adhemar de Barros costumava guardar para gastos pessoais 2,4 milhões de dólares, quanto uma nova forma de angariar recursos para as suas campanhas políticas.

O período militar, iniciado com o golpe em 1964, teve no caso Capemi e Coroa- Brastel uma amostra do que ocultamente ocorria nas empresas estatais. Durante a década de 80 havia um grupo privado chamado Capemi (Caixa de Pecúlios, Pensões e Montepios), fundado e dirigido por militares, que era responsável pela previdência privada. O grupo era sem fins lucrativos e tinha como missão, gerar recursos para manutenção do Programa de Ação Social, que englobava a previdência e a assistência entre os participantes de seus planos de benefícios e a filantropia no amparo à infância e à velhice desvalida. Este grupo, presidido pelo general Ademar Aragão, resolveu diversificar as operações para ampliar o suporte financeiro da empresa. Uma das inovações foi a participação em um consórcio de empresas na concorrência para o desmatamento da área submersa da usina hidroelétrica de Tucuruí (empresa estatal). Vencida a licitação pública em 1980 deveria-se, ao longo de 3 anos, concluir a obra de retirada e de comercialização da madeira. O contrato não foi cumprido e o dinheiro dos pensionistas da Capemi dizia-se que fora desviado para a caixinha do ministro-chefe do Sistema Nacional de Informações (SNI), órgão responsável pela segurança nacional, general Otávio Medeiros que desejava candidatar-se à presidência do país. A resultante foi a falência do grupo Capemi, que necessitava de 100 milhões de dólares para saldar suas dívidas, e o prejuízo aos pensionistas que mensalmente eram descontados na folha de pagamento para a sua, futura e longínqua, aposentadoria. Além do comprometimento de altos escalões do governo militar o caso revelou: a estreita parceria entre os grupos privados interessados em desfrutar da administração pública, o tráfico de influência, e a ausência de ordenamento jurídico.

Em 1980 o proprietário da Coroa-Brastel, Assis Paim, foi induzido pelos ministros da economia Delfim Netto, da fazenda Ernane Galvêas e pelo presidente do Banco Central, Carlos Langoni, a conceder à Corretora de Valores Laureano um empréstimo de 180 milhões de cruzeiros. Cabe ressaltar que a Coroa-Brastel era um dos maiores conglomerados privados do país, com atuações na área financeira e comercial, e que o proprietário da Corretora de Valores Laureano era amigo pessoal do filho do chefe do SNI Golbery do Couto e Silva.

Interessado em agradar o governo militar, Paim concedeu o empréstimo, mas após um ano o pagamento não havia sido realizado. Estando a dívida acumulada em 300 milhões de cruzeiros e com o envolvimento de ministros e do presidente do Banco Central, a solução encontrada foi a compra, por Paim, da Corretora de Valores Laureano com o apoio do governo. Obviamente a corretora não conseguiu saldar suas dívidas, apesar da ajuda de um banco estatal, e muito menos resguardar o prestígio dos envolvidos.

A redemocratização brasileira na década de 80 teve seu espaço garantido com o fim do governo militar (1964-1985). Em 1985 o retorno dos civis à presidência foi possível com a campanha pelas Diretas-Já, que em 1984 mobilizou milhares de cidadãos em todas as capitais brasileiras pelo direito ao voto para presidente. Neste novo ciclo político o Impeachment do presidente Collor constitui um marco divisor nos escândalos de corrupção.

Durante as eleições para presidente em 1989 foi elaborado um esquema para captação de recursos à eleição de Fernando Collor. Posteriormente, foi revelado que os gastos foram financiados pelos usineiros de Alagoas em troca de decretos governamentais que os beneficiariam. Em abril de 1989, após aparecer seguidamente em três programas eleitorais, Collor já era um nome nacional. Depois que Collor começou a subir nas pesquisas, foi estruturado um grande esquema de captação de dinheiro com base em chantagens e compromissos que lotearam previamente a administração federal e seus recursos. Esse esquema ficou conhecido como “Esquema PC”, sigla baseada no nome do tesoureiro da campanha, Paulo César Farias, e resultou no impeachment do presidente eleito. Segundo cálculos da Polícia Federal estima-se que este esquema movimentou de 600 milhões a 1 bilhão de dólares, no período de 1989 (campanha presidencial) a 1992 (impeachment).

Nossa breve história da corrupção pode induzir à compreensão que as práticas ilícitas reaparecem como em um ciclo, dando-nos a impressão que o problema é cultural quando na verdade é a falta de controle, de prestação de contas, de punição e de cumprimento das leis. É isso que nos têm reconduzido a erros semelhantes. A tolerância a pequenas violações que vão desde a taxa de urgência paga a funcionários públicos para conseguir agilidade na tramitação dos processos dentro de órgão público, até aquele motorista que paga a um funcionário de uma companhia de trânsito para não ser multado, não podem e não devem mais ser toleradas. Precisamos decidir se desejamos um país que compartilhe de uma regra comum a todos os cidadãos ou se essa se aplicará apenas a alguns. Nosso dilema em relação ao que desejamos no controle da corrupção é esquizofrênico e espero que não demoremos muito no divã do analista para decidirmos.

Rita Biason

Fonte: www.votoconsciente.org.br

quinta-feira, 30 de setembro de 2010

VOTO BRANCO E NULO PARA QUE SERVEM

Há uma grande confusão pairando no ar, principalmente na internet sobre a questão da importância dos votos brancos e nulos. Por isso, vamos elucidar de uma vez por todas todo o mal-entendido por trás desta questão para que nós eleitores possamos tomar decisões mais concretas na hora de votar e para que saibamos quais as ferramentas realmente temos nas mãos em frente à uma urna eletrônica de votação.

AS INVERDADES

Há muito tempo atrás, na era em que rabiscávamos papéis para votar em nulo, escrevíamos piadas ou coisas sem sentido, colocávamos nomes fictícios ou de pessoas que não são candidatos, ou ainda, deixávamos em branco por praticidade, já havia uma grande bagunça sobre esse assunto e votos brancos eram considerados como “Tanto faz o candidato A, B ou C” e os votos Nulos costumavam ser confundidos com a não aceitação da opção do candidato A, B ou c…

A CONFUSÃO

Isso ficou bagunçado e confuso, sem ninguém saber o que é verdade e o que é mentira por que não é interessante de um ponto de vista político focar em algo que não seja os partidos e candidatos como opção. Não existe o candidato Nulo e Branco, nem o partido que os represente para que este possa ser representado por um programa eleitoral gratuito na TV, Rádio e mídia em geral. Por isso, quando se fala em política, só se ouve Partidos e candidatos e ficamos sem saber de fato quais são todas as opções que temos para escolher na hora de votar. A indução política é muito forte no que interessa aos partidos.

Jamais nos permitiriam saber as verdades e inverdades sobre votos brancos e nulos, que poderiam ter a justiça eleitoral como representante, mas nem isso, nem no site deles isso é claro.

BOATOS DA INTERNET

Hoje, na era da internet e do poder da informação, ainda há muita confusão sobre o assunto. Desde muito tempo já circula entre os internautas emails sem fundamento algum que dizem que as pessoas devem votar em branco se desejarem que qualquer um dos candidatos vença, e que devem votar em nulo no intuito de que este tipo de voto atinja mais de 50% do total. Isso por que supostamente ocorrendo isso, haveria uma nova eleição onde os mesmos candidatos não poderiam se apresentar como opção. OU seja, Haveria uma nova eleição com novos candidatos. Mas de onde tiraram isso? Provavelmente de uma má interpretação do código eleitoral, além do interêsse em criar correntes por email.

PARA QUE REALMENTE SERVEM OS VOTOS BRANCOS E NULOS

VOTOS EM BRANCO

Na verdade, o voto em branco não serve como indiferença ao candidato A ou B, nem tampouco serve como acréscimo de votos para o candidato que tiver mais votos.

O voto branco aparece como opção na urna eletrônica e serve meramente para fins estatísticos, não tendo efeito algum sobre a eleição em sí (lei Nº 9.504).

VOTO NULO

“Voto Nulo” era usado para representar os votos de pessoas que não votaram num candidato real na época dos votos de papel. Na verdade, não servem para mostrar indignação e revolucionar, mas sim com o novo sistema, votos nulo e branco não têm distinção entre sí. Tanto faz você digitar um número que não representa nenhum candidato, como “00? por exemplo, ou clicar em “Branco” e confirmar. Vai tudo pra mesma contabilidade.

A verdade é que em um artigo na lei nº 4.737/65 confundiu muita gente por causa da palavra “nulidade”. A confusão está plantada aí:

“… se a nulidade atingir a mais de metade dos votos do país nas eleições presidenciais, do estado nas eleições federais e estaduais, ou do município nas eleições municipais, julgar-se-ão prejudicadas as demais votações, e o Tribunal marcará dia para nova eleição dentro do prazo de 20 (vinte) a 40 (quarenta) dias.”

“Nulidade” no caso, se refere a votos que tenham sido submetidos a algum tipo de fraude, isso sim se aplicaria a lei acima.

Em geral, seja branco, ou nulo, o voto não é contabilizado para ninguém e serve meramente para impressões estatísticas.

VOTONAURNA VOTO BRANCO E NULO | PARA QUE SERVEM?

Não tem jeito de interferirmos mais na podridão política, pois e você votar em branco ou no “00?, vai estar apenas deixando que o candidato que tiver mais votos ganhe a eleição e este pode ser aquele que você mais teme.

Infelizmente só temos a opção votar ou votar neste país democrático onde o voto é obrigatório. Difícil escolher no cenário atual, mas é o que nos resta. É interessante como a propaganda política rasteja pela mídia e vai tentando se infiltrar em nossa mente subconsciente de maneirra sorrateira.

Ressalto a importância de você, eleitor ficar ligado no que acontece no senado, no planalto, na câmara e em toda a podridão política, bem como nos feitos merecidamente reconhecidos de poucos que ainda conseguem ser sérios perante tanta decadência.

Lembre-se que para os políticos, as eleições servem apenas para que seus partidos e ideais continuem e aumente de força, pios quanto mais gente de um mesmo partido ou aliado é eleito, mas força tem um partido para votar em leis, regras ou imposições, como queira chamá-las. Para você e eu, pobres eleitores que não sabemos o que fazer com tanto poder destrutivo nas mãos, resta-nos acertar, pois escolha lógica não é possível num país onde eleição não é levada à sério e onde o cenário político é o que conhecemos e vivemos. E o pior é que sabemos que os mesmos que estão no cenário atual são os que serão candidatos ao cenário posterior, pode-se esperar muita coisa? Pense bem, pois de nada adianta ficarmos indignados, assistirmos CPIs e mais CPIs, pizza e mais pizza. Não adianta movimentos e passeatas, se o que faz isso continuar ou mudar é o seu voto.

Fonte: www.semmundo.com

VOTO - UM DIREITO POLÍTICO

O texto constitucional, no capítulo dos direitos políticos, afirma que a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos.

O voto é obrigatório para os maiores de dezoito anos e facultativo para os analfabetos, os maiores de setenta anos e os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos.

O voto é, portanto, um direito e ao mesmo tempo uma obrigação.

Votar, segundo Buarque de Holanda, é manifestar por voto o que sente ou pensa; dar o seu voto (a favor ou contra alguém ou algo).

Esse substantivo, voto, que traduz a ação de votar, é de grande importância para o cidadão consciente de seus deveres cívicos.

Numa democracia o voto é uma força, força que pode mudar o destino político de um povo.

Como, então, utilizar bem essa força para eleger os nossos governantes?

É fundamental que o eleitor, aquele que tem direito de eleger pelo voto seu representante, pense antes de votar.

O que é pensar?

É exercer uma função pertinente a determinada faculdade da mente humana.

A função de pensar, praticada como ensina a Logosofia - ciência do pensar consciente -, manifesta-se quando o ser, ao efetuar por império do novo saber as primeiras reflexões, percebe que nessa função, na qual começa a exercitar-se, sua vontade intelectiva atua respondendo à direção manifestamente lúcida da consciência. Sente, ao mesmo tempo, que pensa sob o auspício de uma concepção psicológica humana e observa que suas reflexões adquirem maior amplitude. Esta primeira confirmação da verdade que lhe anuncia o saber logosófico promove seu primeiro entusiasmo.

Há uma diferença fundamental entre a nova forma de exercer a função de pensar e a corretamente praticada. Essa diferença apoia-se no fato de que, enquanto a última corresponde quase que exclusivamente a necessidades do momento, atendendo a reclamos ou urgências de ordem material ou urgências de ordem material ou intranscendente, a função de pensar, orientada pelo método logosófico, obedece invariavelmente a um plano de vastos alcances na ordem mental, psicológica e espiritual; em outras palavras, à realização do processo consciente de evolução humana.

A faculdade de pensar não atua aqui isoladamente, mas sim, conduzida pelo próprio método, conecta cada esforço que realiza com uma perspectiva ou oportunidade mediata ou imediata que deverá ser preparada com antecipação.

A faculdade de pensar, fazendo parte da inteligência, para ser exercida, não deve fazê-lo, como vimos, isoladamente, deve requerer o concurso de outras faculdades mentais, como a de refletir, observar, meditar, dentre outras.

Assim, ao pensar no voto, o cidadão para praticá-lo conscientemente deverá conhecer quem pode merecê-lo; deve, também, observar as virtudes públicas e morais dos candidatos, refletir sobre suas propostas de governo e, após reunir todos esses elementos e outros que julgar lícitos e proveitosos, pensar em que votar e, com dignidade e discrição votar com plenitude de consciência. Jamais anular essa força cívica, esse direito inalienável do cidadão livre e independente em seu pensar.

MARCO AURÉLIO BICALHO DE ABREU CHAGAS

Fonte: www.artigonal.com

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

SE NÓS NÃO SABEMOS POR QUE É QUE ELES TEM QUE SABER?

Eu confesso: se tentasse entrar na universidade via vestibular, não passaria. Meu consolo é saber que eu não estaria sozinho. Teria muitos companheiros. Os reitores de nossas grandes universidades seriam os primeiros. A seguir, respeitáveis professores e pesquisadores.



Talvez não passassem nem mesmo em suas próprias disciplinas. É duvidoso que um professor que há anos se dedica a pesquisas de biologia molecular ainda se lembre de como resolver problemas estatísticos de genética. Também os professores dos cursinhos: cada um passaria brilhantemente na disciplina de sua especialidade. Mas é duvidoso que um professor de português consiga resolver problemas de química ou física. Com eles, os professores que elaboram as questões que os alunos terão de responder. Para eles, vale o que foi dito sobre os professores dos cursinhos.

Por fim, os diretores das empresas que preparam os vestibulares... Essa hipótese desaforada poderia ser testada facilmente: bastaria que os personagens acima mencionados se submetessem aos vestibulares. Claro: seria proibido que se preparassem.

O objetivo seria testar o que foi realmente aprendido. O que foi realmente aprendido é aquilo que sobreviveu à ação purificadora do esquecimento. O aprendido é aquilo que fica depois que o esquecimento faz o seu trabalho...

Vestibulares: porta de entrada para a universidade? Seria bom se sua função se limitasse a isso. O sinistro está não no que é dito mas no que permanece não dito: os vestibulares são um dragão devorador de inteligências cuja sombra se alonga para trás, cobrindo adolescentes e crianças. Desde cedo pais e escolas sabem que a escola deve preparar para os vestibulares. Os vestibulares, assim, determinam os padrões de conhecimento e inteligência a serem cultivados. Mas não existe nada mais contrário à educação que os padrões de conhecimento e inteligência que os vestibulares estabelecem.

O escritor Mário Prata escreveu uma crônica sobre as meninas jogadoras de voleibol. Era uma crônica leve, bem humorada, picante. Era impossível não sorrir ao lê-la. Lida, ficava para sempre na memória pois a memória guarda o que deu prazer. Passados alguns meses ele voltou ao assunto da primeira, numa crônica dirigida, se não me engano, ao senhor ministro da Educação.

É que sua primeira crônica fora usada, na íntegra, num exame vestibular. Para um escritor, ter uma crônica transcrita, na íntegra, num exame vestibular, equivale a uma consagração. Mário Prata estava felicíssimo. Exceto por um detalhe: os examinadores, para transformar sua crônica em objeto de exame, prepararam um série de questões sobre a mesma, cada uma delas com várias alternativas.

Mário Prata resolveu então brincar de vestibulando. Tentou responder as questões. Não acertou uma! ( Eu me saí pior do que ele. Tentei responder as questões, mas houve algumas que nem mesmo entendi! ). Se o vestibular fosse para valer, ele teria zerado no texto que ele mesmo escrevera. Ele se dirigiu então ao senhor ministro de Educação comentando esse absurdo.

E perguntou se não teria sido muito mais inteligente se os examinadores, gramáticos, tivessem pedido que os moços escrevessem um parágrafo, provocados por seu artigo. Aqueles saberes esotéricos que lhes eram pedidos nunca teriam qualquer uso em suas vidas.. Compreende-se que, como resultado do seu preparo para os vestibulares os jovens passem a detestar literatura.

Minha filha queria ser arquiteta. Como não havia outro caminho, matriculou-se num cursinho. Eu a via sofrer tendo de memorizar coisas que não lhe faziam sentido. Fiquei com dó e, por solidariedade, resolvi fazer um sacrifício: passei a estudar com ela. Estudei meiose e mitose, as causas da guerra dos cem anos, cruzamento de coelhos brancos com coelhos pretos... Estudei também, contra a vontade e sem interesse, a necrópsia da lingua chamada análise sintática.

Não sei para que serve. E dizia à minha filha, à guisa de consolo: "Você tem de aprender essas coisas que você não quer aprender porque a burocracia oficial assim determinou. Mas não se aflija. Passados dois meses quase tudo terá sido esquecido.

Só sobrarão os conhecimentos que fazem sentido..." Pergunto a você, meu leitor: de tudo o que você teve de estudar para passar no vestibular, o que sobrou?

Por que nós, professores universitários, não passaríamos no vestibular? Por termos memória fraca? Não. Por termos memória inteligente. Burras não são as memórias que esquecem mas as memórias que nada esquecem... A memória inteligente esquece o que não faz sentido. A memória viaja leve. Não leva bagagem desnecessária.

E aí eu pergunto: "Se nós, professores já dentro da universidade, não passaríamos nos exames vestibulares, por que é que os jovens que ainda estão fora têm de passar? É irracional. Especialmente em se considerando que irá acontecer com eles aquilo que aconteceu conosco: esquecerão... Haverá uma justificação pedagógica para esse absurdo? Ainda não a encontrei.

Rubem Alves
Teólogo, filósofo e psicanalista, autor de 40 livros


Fonte: www2.redepitagoras.com.br

UMA REFLEXÃO SOBRE O APRENDER E O ENSINAR

Convido-os a partilhar desta reflexão a respeito da educação no mundo em que vivemos, recheado de questionamentos sobre a forma de orientarmos nossas crianças numa sociedade que passa por mudanças rápidas, influenciadas por uma cultura com metas exigentes e conteudistas. Nunca se pensou tanto sobre o saber, o aprender e o ensinar.

A ciência moderna e os estudos estão num avanço tal que chegam a interferir na concepção do ser humano, desnaturalizando-a, interferindo até na construção do sentimento de maternidade. Tem-se a preocupação de desenvolver e instigar a todo momento os potenciais das crianças desde o seu nascimento.

A mãe de um bebê recém-nascido, a princípio, interessava-se pela sua alimentação, vacinas, sono, etc. Hoje, os pediatras comentam que algumas das questões maternas giram em torno da cor com que o quarto deve ser pintado para maior estímulo ou, ainda, quais os brinquedos que mais aguçam o raciocínio e a percepção. É sabido que as novas preocupações com as necessidades de um bebê permeiam essas questões.

Espera-se que esse indivíduo, desde pequeno, mostre autonomia e autoria, que são pré-requisitos para o seu bom engajamento na sociedade contemporânea. Postura crítica, iniciativa, capacidade de análise, competências e habilidades são necessárias a uma adaptação mais eficaz em um mundo de contínuas mudanças. Para algumas crianças, esse entorno que tanto lhe exige desde pequenas apresenta-se agressivo de tal forma que as amedronta, interferindo no seu desenvolvimento.

Por vezes percebemos a criança dividida, segmentada, com a conivência de pais confusos. Há preocupações específicas relativas a um corpo sadio e forte, a uma mente voltada à cultura, ao intelecto competitivo e a uma formação acadêmica em escola competente, que visam mais às boas universidades que aos bons cidadãos.

É fato, entretanto, que há um despertar para a necessidade do olhar mais humanista e que podemos ter o prazer de deparar com algumas escolas que vivem dentro desse posicionamento, em que o outro é olhado como ser integral. #Isso não elimina a necessidade de atuar de forma consciente na capacitação dos indivíduos para o momento culturalmente exigente que se vive.

São tantos investimentos de profissionais especialistas na formação das nossas crianças que, além da divisão desse indivíduo em fragmentos independentes, a família acaba perdendo a autonomia. Fica perdida, seguindo várias orientações centradas em diferentes áreas. Cada vez mais ocupada e sem o tempo necessário para discernir e opinar de maneira reflexiva, entrega a formação dos filhos a profissionais que nem sempre garantem o vínculo tão necessário ao desenvolvimento dessa criança.

Frente à constatação de tantas mudanças, questiono: que pessoas estamos formando? Onde estão os afetos, pilares insubstituíveis para a construção da estrutura interna, que hoje circulam dentro de um ambiente familiar cada vez mais distante e restrito?

Sabemos que o conceito de como educar uma criança vai sendo alterado de acordo com o entorno cultural e social onde ela está inserida. Esse contexto faz parte da história do desenvolvimento e das relações por meio das quais o sujeito se constitui. Vale lembrar que não tem fim, é um processo que acontece de forma subjetiva em cada indivíduo de acordo com interferências sociais e culturais.

O ser humano é susceptível e absorve as influências do meio onde está inserido. Nessa troca, acontece então o aprender. Quando nos referimos ao aprender, subentende-se que exista algo ou alguém que aprende — o aprendente — e algo ou alguém que ensina — o ensinante.

Os ensinamentos iniciam-se nos primeiros contatos tão próximos com a mãe. Quem são os demais ensinantes na vida de um sujeito? Esse lugar é ocupado pelo pai, irmãos, tios, avós, colegas, professores e todo o círculo de convivência que faz parte do meio que nos cerca.

O aprender está conectado ao conhecimento. É preciso relacionar-se com o outro para colocá-lo no lugar de ensinante e estabelecer uma relação permeada pelo vínculo para que se possa entrar em contato com o conhecimento por ele oferecido.

Entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se situa o prazer de aprender por intermédio do estabelecimento de uma relação vincular. Para que o sujeito aprenda, é necessário conectar-se com seus próprios conteúdos, mostrar seu conhecimento, autorizar-se a abrir ao outro e, assim, incorporar seus ensinamentos.

O conhecimento prévio, fruto das vivências de cada um, faz parte do processo interno desse sujeito. Ele é acrescido de novas informações e transformado, para que possa ser vivenciado e incorporado.

Ensinar aprendendo, essa é a grande estratégia

O ensinar e o aprender caminham juntos. Mais do que ensinar conteúdos, ser ensinante está atrelado a abrir caminhos. Não se transmite conhecimento, mas, sim, sinais deste, para que o outro possa fazer uso dele e transformá-lo de forma subjetiva.

O desejo e a vontade atuam como diferenciais no processo, autorizando e fazendo uso de diferentes ferramentas oferecidas para que se tornem instrumentos na construção do conhecimento e se alcance o objetivo final.

O orientador sensível instiga, preserva a autonomia e a liberdade responsável e propicia, assim, o diferencial no processo, isto é, a alegria da descoberta e a autoria do próprio conhecimento, trazendo as garantias para o verdadeiro aprender.

Ser um educador, é um trabalho nada fácil, com um grande objetivo a ser alcançado.

Segundo Paulo Freire (1993), se o educador tem uma opção democrática, com autocrítica e procura diminuir a distância entre o discurso e a prática, ele “vive uma difícil, mas possível e prazerosa experiência de falar AOS educandos e COM eles”.

Cecília Faro

Fonte: www.educacional.com.br